Talles diz que tinha ofertas de outros times e por que escolheu Corinthians

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Talles Magno chegou ao Corinthians para ‘quebrar medos’ do seu pretérito. A pressão de jogar novamente em um gigante brasiliano fez o atacante refletir sobre uma volta ao Brasil, que agora se tornou um conforto para o jovem.

 

“Eu ficava me perguntando uma vez que é que seria. Vieram outros clubes e eu ficava avaliando, mas quando chegou o Corinthians eu acho que batia de frente com o susto que eu estava e eu disse: é ali que eu vou enfrentar, é um dos maiores clubes do Brasil, tem uma das maiores torcidas do Brasil, portanto se era esse susto que eu tenho, é lá que vou enfrentar”, disse Talles Magno, em entrevista ao UOL.

Talles pulou etapas no Vasco. O atacante fez sua estreia pelo time profissional com 16 anos e 11 meses, superando Philippe Coutinho uma vez que jogador mais jovem a proteger o time Cruzmaltino. Posteriormente, o volante Andrey Santos quebrou o recorde.

Com a expectativa de resultados, as cobranças sobre Talles também chegaram e em peso. O atacante conta que viveu diversos sentimentos com a camisa do clube carioca, mas que ainda não estava no auge do seu maduração, que viria anos depois vestindo a camisa do New York FC, dos Estados Unidos.

“Eu tinha mais clubes para vir, tive outras propostas, mas eu tinha um susto desse meu retorno ao Brasil, de saber uma vez que que seria, porque passei momentos difíceis e felizes no Vasco. Acho que essa minha volta foi um pouco difícil, estava com um pouco de susto, de uma vez que a torcida vai mourejar comigo, porque teve alguns momentos que a torcida do Vasco pegava no meu pé e fiquei com essa imagem, mas teve outros momentos que a torcida do Vasco me abraçou e chegava no estádio com os olhos brilhando”.

O susto, portanto, passou de pressa. Logo em sua estreia, Talles foi para as redes, foi adoptado pela Leal e não esconde a emoção: “Sinto que estou nos braços da torcida’

“Eu cheguei, fiz gol na estreia e o susto que eu tinha passou. Acho que jogadores têm altos e baixos, mas a maior recompensa do futebol é ter esse escora. Quando eu cheguei foi uma luz, um momento luminoso para mim, vim com susto e bateu aquela luz que eu não precisava ter”.

“Independente do jogador estar num momento bom ou ruim, você tem que estar próximo. Nos momentos ruins a torcida pode nos levantar e nos momentos bons é só alegria. Eu sinto que estou nos braços da torcida, isso reflete muito dentro de campo, marcando gols e dando assistências”.

No Vasco, Talles ainda era um menino, mas com responsabilidades de um adulto. O atacante diz que a cobrança por resultados foi instantânea e assustou inicialmente, mas que teve escora do elenco no dia a dia, que o ajudaram a se tornar um varão. Por lá, ele garante: viveu um dos momentos mais importantes na curso.

“O futebol nos faz amadurecer muito rápido, mas acho que eu não estava pronto para aquela baque tão rápido no profissional, que foi um dos momentos mais importantes e felizes na minha curso. Esse salto dali para lá foi que eu era um menino, fui me fortalecendo, e do mesmo jeito eu jogava uma vez que menino, mas aprendendo muito com a responsabilidade que os mais velhos passavam, Felipe Bastos, Leandro Castán, Fernando Miguel, Bruno César, Marquinhos? eu observava uma vez que era a atitude deles com os familiares, as conversas, uma vez que cuidavam dos seus carros. Foi um momento que aprendi muito a ser varão”.

Em 2021, Talles Magno foi vendido para o New York City por 10 milhões de dólares (murado de R$ 53 milhões na cotação da era), se tornando a quarta maior venda da história do Cruzmaltino.

Ainda muito jovem, aos 19 anos na era (nesta segunda-feira (23) com 22), o atacante viu a maturidade percutir na porta ao ter que se virar sozinho em muitas ocasiões. Mas Talles recebeu uma outra prelecção ainda maior, que o fez crescer profissionalmente.

“Fiquei três anos lá, meus dois primeiros anos foram espetaculares, o primeiro ganhei tudo que joguei na MLS, foi meu primeiro título profissional, meu primeiro gol em final, foi um momento muito marcante. Fui daqui (Brasil) para lá sem estar 100% maduro, morei sozinho, não fazia comida, não falava inglês, foi o duelo na minha vida que me fez tornar o varão que eu sou nesta segunda-feira (23) em dia para ajudar meus familiares. Dentro de campo foi uma alegria enorme, vivenciei uma outra cultura, torcida, liga e acho que foi o momento importante de números para mim, para eu saber que o futebol não é só dribles, que corre, dá caneta, brinca e zoa, e sim de números.”

CONFIRA OUTROS TRECHOS DA ENTREVISTA DO UOL COM TALLES MAGNO, ATACANTE DO CORINTHIANS

Forjado na dificuldade

“Foi difícil, naquela era a gente só jogava por diversão, curtir o momento, pra não permanecer em morada sem fazer zero, era estudar e ir para morada enquanto minha mãe trabalhava. Ela me deu essa oportunidade de ter essa responsabilidade e também ocupar um pouco do meu dia a dia. Foi um momento difícil na nossa vida, mas sempre quando lembramos do pretérito a gente fica muito feliz de ter vivido aquilo porque talvez se não tivesse ocorrido dessa maneira não teria me forjado desse jeito”.

O que fez com seu primeiro salário?

“Dei tudo para minha mãe. Minha mãe trabalhava na creche, trabalhou no carrinho de pipoca, já fez muitas coisas pela gente e acompanhamos tudo. Eu não ganhava zero no Vasco quando era pequeno e meu irmão acho que ganhava R$ 800, e ele ajudava em morada, comprava as coisinhas dele e ainda me ajudava. Depois eu comecei a lucrar R$ 300, e esse valor que recebi depois de assinar meu contrato de formação foi tudo para minha mãe, eu via que por mais que era pouco, sempre foi o meu objetivo ajudar em morada. Para não manifestar que foi tudo para ela, eu tirei R$ 100 para manducar hambúrguer a semana toda no podrão da esquina (risos)”.

O ‘irmão’ Hugo Souza

“A gente se conhece há muito tempo. Independente de termos sido rivais no Rio de Janeiro (Vasco x Flamengo), a gente sempre se comunicou, sempre fomos na igreja, nós tínhamos amigos em geral e aí sempre ficamos perto, não foi sempre aquela amizade junta, mas sempre perto. Pegamos uma amizade, ele com meus familiares e eu com os dele, ele ia lá em morada e almoçava com a gente, fazia boda e virou meu irmão. Jogamos futevôlei juntos, vamos para praia juntos… Quando eu estava em Novidade York, longe, a gente se falava, mas ele ia para a morada da minha mãe, ficava com meu irmão, o Kaio, somos muito grudados. Às vezes ele chegava lá 7h da noite e ia embora meia-noite, mesmo eu não estando. Virou uma amizade muito grande”.

Destaque também na tendência

“Eu sempre gostei de me vestir muito, e lá e Novidade York a cultura é muito dissemelhante, você pode se vestir de qualquer jeito que as pessoas não vão julgar e acabei pegando um sabor a mais sobre estilo, às vezes o pessoal cá me zoa porque eu chego com um estilo, eles vão me zoar e eu falo que ainda estou avezado com lá (Novidade York). Quando o Memphis também chega no estilo a gente conversa, eu não usaria muito as coisas que ele usa (risos).

Estágio com Memphis Depay

“Eu falo inglês, consigo me virar muito, se a gente sentar para conversar eu consigo, falamos sobre jogo, fora de campo, algumas coisas são difíceis, mas quando eu não entendo eu peço para ele me ajudar. Dentro de campo ele vira outra pessoa. Tem certas coisas que ele quer gritar, falar, sei que é para o muito do time, às vezes a gente fica p*, mas entende também, é uma cobrança para o muito. Mas assim, discuti com ele dentro do campo, passou da porta para fora já estamos falando de outra coisa, no dia seguinte também e cai no esquecimento. Ele sempre serpente para melhorar e eu também sento do lado dele para pedir algumas ajudas, é um faceta mais velho, muito vivido e a gente conversa”.