SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Taís Araujo, 42, gargalha quando perguntada se está sempre elegante, com o cabelo perfeito e a pele maravilhosa, como é comum vê-la na maioria de seus trabalhos. “Quem convive comigo sabe que essa pessoa que você está falando aí não existe”, entrega em entrevista por telefone à Folha de S.Paulo para falar sobre a nova temporada do Superbonita, do canal pago GNT.
“Eu só me arrumo para ir trabalhar, na vida não”, diz. “Mesmo nas redes sociais eu não sou muito montada, porque não sou assim. Às vezes levo até bronca do meu assessor por estar largada demais. Se um dia eu for casar com festa [em 2011 ela se casou no civil com Lázaro Ramos], não quero Dia de Noiva. Não tenho encanto por isso. Acho esse momento mais legal pelas conversas com as profissionais que estão comigo no camarim.”
À frente de uma nova temporada da atração dedicada à beleza feminina, que volta nesta quinta-feira (11) a partir das 22h, Araujo afirma que o tempo em que essa questão podia ser enquadrada em um único padrão passou. E isso poderá ser visto no programa.
“Mudou tudo”, diz ela ao lembrar de quando conduziu a atração entre 2006 e 2009. “Naquela época, a gente falava muito sobre padrão de beleza e tratamentos estéticos. Hoje, falamos de um conceito mais amplo. Vemos a beleza de uma maneira muito plural. Isso se reflete nas pautas e nas escolhas das personagens.”
E o time de convidadas está mesmo bem diverso: vai de Xuxa a MC Carol, de Maju Coutinho a Giovanna Ewbank e de Juliana Paes a Aline Midlej, entre outras. “Foram papos muito importantes”, adianta. “A gente não falou exclusivamente sobre os temas do programa. Vamos ter um papo muito diverso com essas mulheres.”
“Não dava para conversar com a Xuxa e perguntar só sobre como ela relaxa, falei com ela por quase três horas”, exemplifica. “A Giovanna Ewbank tem uma história linda de maternidade. Essas mulheres me interessam muito. Sempre tenho muita curiosidade sobre as personagens e tive a chance de dar uma aprofundada”, diz a atriz, que é mãe de João Vicente, de nove anos, e Maria Antônia, de seis.
A própria Taís Araujo diz fazer muito uso das recomendações que ouve de outras mulheres no programa. “Eu virei adepta da meditação da última temporada [apresentada em 2020] para cá”, revela. “Adoro uma dica, seja de pele, de livro… Uma coisa que eu faço muito agora é andar com óleos essenciais. Vivo com um saquinho na bolsa. Cada óleo tem uma função, pode ser para concentração, ansiedade, foco… Você usa conforme a sua necessidade.”
Gravadas de forma remota, as entrevistas terão como fio condutor como essas mulheres encaixam na própria rotina as práticas que trazem bem-estar e saúde. “A gente já falava muito sobre autocuidado, mas com a pandemia ampliamos isso”, diz. “Estamos focando em coisas que podem ajudar a acalmar os ânimos neste momento tão difícil.”
Mesmo sem a presença física das entrevistadas no estúdio, a tecnologia acabou dando um jeito de reuni-las. “No Superbonita, temos um telão de LED em que as entrevistadas aparecem de corpo inteiro”, diz. “Elas são quase trazidas para dentro do cenário. A gente está inventando a maneira de trabalhar.”
Ela lembra que o protocolo seguido para a gravação da temporada, em meio à pandemia, foi muito similar ao adotado pela Globo para as filmagens da reta final de “Amor de Mãe”, novela na qual interpreta a advogada Vitória e que foi interrompida em 2020 por causa das restrições geradas pela Covid-19 (atualmente, a emissora exibe um compacto da primeira fase, com previsão dos inéditos irem ao ar a partir do dia 15). “A diferença é que na novela a gente contracena”, compara.
Quem gosta de ver Taís Araujo nas novelas, inclusive, pode ficar tranquilo porque ela diz que não vai deixar de trabalhar como atriz. Porém, ela já dá mostras de que o lado apresentadora tem ganhado espaço na vida dela. “Corre um risco sério”, brinca quando perguntada se a nova função pode suplantar a antiga. “Apresentar tem me motivado muito. No que depender de mim, vou continuar fazendo.”
INDÚSTRIA DA BELEZA
Com relação à indústria da beleza, Taís Araujo afirma que percebe avanços nos últimos anos, em especial no que diz respeito à diversidade de cores das brasileiras. “Nesse ponto, a gente está chegando lá”, celebra. “Apesar de ainda ser difícil eu encontrar uma única base –geralmente tenho que fazer uma mistura de duas– já tem uma ou duas marcas que conseguiram fazer. A questão do cabelo também: nos últimos anos, você vê marcas criadas com foco nos cabelos crespos. Tem uma mudança grande acontecendo.”
Ela também conta que, apesar da opção pessoal por uma maior naturalidade sempre que possível, não recrimina quem gosta de se produzir no dia a dia. “Se você curte se maquiar para ir à padaria, tudo bem”, avalia. “A questão é que você não tem que estar arrumada. Se sentir que é uma obrigação, acho que precisa procurar ajuda.”
“Precisamos nos libertar disso”, afirma. “Depois que você se livra dessas algemas, a vida fica mais fácil. Aí você faz quando tem vontade. Agora, na pandemia, eu estava com saudades de me arrumar. Na primeira vez, fiz com o maior prazer.”
A atriz e apresentadora comemora que muitas mulheres conseguiram aproveitar a pandemia para se desprender de coisas que só faziam para se adequar às exigências da sociedade, como depilação, uso de salto alto e sutiã com arame. “Eu só pró-liberdade”, afirma.
“Você não quer mais usar? Não use”, incentiva. “Depende de um desejo seu, é muito individual. Eu gosto quando as pessoas bancam o próprio desejo. Gosto mais ainda quando esse desejo bate de frente com um padrão exigido pela sociedade. Aí eu já passo a ter encanto, porque precisa ter coragem para fazer esse movimento.”
Nesse sentido, a atriz pensa um pouco quando perguntada quem, para ela, é uma mulher superbonita. “Uma mulher em que eu sou vidrada há muitos anos é a cantora Simone”, revela. “É uma mulher muito gata, não só na questão estética, mas também é muito dona da própria vida, consegue ser artista e ter, ao mesmo tempo, uma vida particular muito reclusa… Isso mantém um mistério.”
Mas uma só ficou pouco para Taís Araujo escolher. “Eu tento muito olhar para as mulheres mais maduras”, diz. Ela cita como boas inspirações Arlette Salles, Elza Soares e Luiza Brunet, todas mulheres bonitas e que, na avaliação dela, se colocam de forma muito lúcida no mundo.
Da nova geração, ela lembra da cantora Iza, da qual a filha é super fã. “Tem tanta mulher incrível nesse país”, suspira. “O Brasil está bem servido de mulheres superbonitas.”
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