SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Maria Eduarda Fernandes Carvalho, 11, costuma chorar ao receber vacinas, mas não foi o que ocorreu na tarde desta quinta-feira (6). Moradora da Vila Rica, área no perímetro do surto de meningite registrado na zona leste de São Paulo, ela sorria e fazia perguntas às agentes de saúde que foram até sua casa para oferecer uma dose de ACWY, imunizante que protege contra quatro sorotipos da doença.
A estudante foi uma das moradoras vacinadas na ação de busca ativa realizada por funcionárias da UBS Jardim Iva para imunizar a população na região da Vila Formosa e do Aricanduva, onde foram registrados cinco casos de meningite C de 16 de julho a 15 de setembro. Os pacientes confirmados foram um bebê de dois meses e quatro adultos de 20, 21, 42 e 61 anos. A paciente de 42 anos faleceu no dia 2 de agosto.
A procura por aqueles que não se vacinaram ocorre de imóvel em imóvel e engloba tanto residências quanto estabelecimentos comerciais. Quando nem todos os moradores e funcionários estão, as agentes municipais deixam um comunicado endereçado aos ausentes com o horário de funcionamento dos postos de vacinação mais próximos. Se até a próxima visita da equipe ao endereço a pessoa não tiver ido à UBS se vacinar, ela pode receber o imunizante em casa ou no trabalho.
Para adolescentes, é oferecida uma dose da vacina ACWY e, para as outras faixas etárias, uma dose de vacina meningocócica C. “Logo que o surto foi anunciado uma equipe da UBS foi à escola em que eu trabalho para vacinar as crianças e a equipe, então eu tomei. Já a Duda acabou de completar 11 anos e estávamos aguardando para ela poder tomar a ACWY”, contou a professora de educação infantil Mércia Fernandes Pereira, 38.
Professor de física e matemática, João Marcos Hernandez, 35, também fez questão de se vacinar. “São 300 crianças no colégio e fico preocupado em não estar vacinado”, afirmou. Crianças menores de dois anos e adolescentes são as populações com maior risco de adoecer por meningite meningocócica, embora outros grupos também possam ser afetados. Nesta semana, um homem de 22 anos, morador da zona norte, morreu em decorrência da doença. Ao todo, neste ano, foram registrados dez óbitos por meningite na cidade.
Luan Santos, 25, e Stefano Cunha de Oliveira, 26, moram em Mauá, município da Grande São Paulo, mas também receberam a vacina porque trabalham na área do surto. Os dois tinham o comunicado com os horários dos postos de vacinação, porém não tinham previsão de quando poderiam ir às unidades de saúde. “Na correria, a saúde fica de lado. Tem que aproveitar que elas [as agentes] estão aqui”, disse Oliveira.
Atendente em uma padaria próxima à UBS Jardim Iva, Ana Eliza Ferreira, 22, disse que ainda não conseguiu se vacinar, entretanto gostaria de tomar o imunizante o quanto antes. “Tenho medo. Meu irmão, que hoje tem 28 anos, pegou quando tinha 4 anos e ficou com sequelas. Só se recuperou depois de muito tratamento”, relatou.
Qualquer pessoa com idade entre 3 meses e 64 anos que resida, trabalhe ou estude no perímetro de 3 km da região de notificação desses casos pode receber a vacina nas unidades básicas de saúde locais -UBS Formosa II, UBS Vila Guarani, UBS Jardim Iva e UBS Comendador José Gonzalez (todas as ruas que estão no bloqueio podem ser consultadas no site da prefeitura). Para isso, basta apresentar um comprovante de endereço.
Além disso, como parte do calendário vacinal de rotina, o imunizante contra meningite meningocócica C é oferecido pelo SUS em todo o Brasil para bebês de 3 a 12 meses. Já a vacina ACWY atualmente é aplicada na faixa etária de 11 a 14 anos de idade.
Para aqueles que não se enquadram nessas faixas, a vacina ACWY, que oferece proteção contra o sorotipo C, o mesmo do surto, está disponível em clínicas particulares por valores que variam de R$ 370 a R$ 420.
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