Com o aumento do número de pessoas infectadas pela variante Ômicron e pelo vírus Influenza, a quantidade de testes para detecção dos casos de covid-19 e gripe Influenza diminuíram. E caiu consideravelmente. Em mais da metade dos laboratórios privados do estado de São Paulo só há testes suficientes para sete dias – ou menos. Isso é o que revelou uma pesquisa feita pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp). A pesquisa ouviu 111 laboratórios privados entre os dias 10 e 14 de janeiro.
Segundo a pesquisa, a procura por testagem para o vírus Influenza, causador da gripe, cresceu 92% nos laboratórios nos últimos 15 dias. Para a covid-19 o índice cresceu 99% nesse mesmo período. A procura por testes de covid-19 dobrou na quase totalidade dos laboratórios pesquisados (92%). Em algumas regiões do interior do estado como Jacareí e São José do Rio Preto o crescimento variou entre 501% e 1000%.
Dentro dessa amostra, mais da metade dos serviços de saúde pesquisados informou ter estoque de testes para covid-19 e Influenza suficientes para até sete dias. E 22,5% dos laboratórios informaram ter estoque para 15 ou 21 dias, sendo que a maioria deles fica no interior do estado.
Para Luiz Fernando Ferrari, coordenador do Comitê de Laboratórios do SindHosp, a pesquisa constatou que a maioria dos testes positivos de covid-19 ocorre na faixa etária entre 30 e 50 anos.
Nesta semana, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) já havia alertado que, assim como em outras partes do mundo, a alta demanda de exames laboratoriais para o diagnóstico da covid-19 trouxe ao setor de medicina diagnóstica brasileiro a preocupação com a falta de insumos necessários para a realização desses exames. ” A alta transmissibilidade da nova variante Ômicron causou aumento exponencial de casos, o que vem demandando significativo aumento da capacidade produtiva global de testes, tanto de PCR como de antígeno, e se os estoques não forem recompostos rapidamente poderá ocorrer a falta de oferta de exames”, disse a associação.
A falta de testes não afeta somente os laboratórios privados de São Paulo. Nas unidades de saúde administradas pela prefeitura de São Paulo, por exemplo, os estoques estão baixos e, por isso, a administração municipal decidiu limitar os testes para grupos prioritários ou grupos de risco. Segundo o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, fazem parte desse grupo as gestantes e puérperas, idosos, pessoas que se preparam para fazer cirurgia, profissionais da saúde e população em situação de rua. Para este grupo, disse ele, não devem faltar exames.
Para fazer o teste, essas pessoas devem apresentar mais de dois sintomas gripais. Para as demais pessoas que não fazem parte do grupo de risco, o diagnóstico será clínico, considerando o histórico de contato próximo ou domiciliar nos 14 dias anteriores ao aparecimento de sintomas. Os principais sintomas gripais relacionados são febre, calafrios, dor de garganta, tosse, coriza e distúrbios olfativos ou gustativos.
Em entrevista hoje (17), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, informou que a falta de testes não se deve à falta de recursos da administração municipal. “Não existe nenhum problema com falta de recursos ou dificuldade de fazer aquisição, com exceção da falta de teste por parte do próprio fabricante. O volume de pessoas aumentou de forma assustadora. E a prefeitura fez protocolo para priorizar sintomáticos que tenham necessidade de internação e alguns setores como pessoas em situação de rua. Estamos atentos. Assim que houver testes disponíveis no mercado, vamos fazer aquisição. Mas é importante que não deixemos faltar exames para quem vai fazer internação ou cirurgia”.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, desde o dia 30 de dezembro do ano passado, quando começou a testagem rápida para diagnóstico de Influenza, mais de 97,5 mil testes foram feitos, sendo que mais de 14 mil deram positivo para a doença.
No caso da covid-19, desde dezembro até ontem (16) foram realizados 227,7 mil testes rápidos de antígeno, sendo mais de 90,6 mil deles positivos. A taxa de positividade é 39,8%.
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