Na contramão da postura adotada até cá por alguns dos seus principais ministros, que falam em negociação com o governo dos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, 14, que vai reagir contra a imposição de tarifa de 25% sobre as exportações de aços para o mercado americano. Lula falou até em levar o caso à Organização Mundial do Negócio (OMC).
“Enquanto os EUA tiverem uma relação civilizada e harmônica com o Brasil, está tudo muito. Agora, ouvi proferir que vão taxar o aço brasiliano. Se taxar, vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar na OMC ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles”, afirmou o presidente, em entrevista para a Rádio Clube do Pará. “A relação do Brasil com os EUA é muito igualitária. Eles importam US$ 40 bilhões. Nós importamos US$ 45 bilhões.”
Questionado sobre seu relacionamento com o presidente dos EUA, Donald Trump, Lula respondeu que “não há relacionamento”. “Existe relação entre governos.” Ele disse ainda que o Brasil não quer “atrito com ninguém”. “Queremos sossego e tranquilidade. Se o Trump tiver esse comportamento com o Brasil, teremos esse comportamento com os EUA. Agora, se tiver alguma atitude com o Brasil haverá reciprocidade.”
Na segunda-feira, 10, o presidente Donald Trump anunciou a cobrança de tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio dos EUA. A medida atinge importantes parceiros comerciais dos americanos, caso do Brasil, que em 2024 foi o segundo maior fornecedor do resultado para o país, detrás exclusivamente do Canadá. Na quinta-feira, 13, em novo movimento, Trump assinou memorando com o objetivo de gerar taxas para as importações americanas, provenientes de todos os países, com as mesmas tarifas que são cobradas de exportadores dos EUA.
A investida tem levantado temores de eclosão de uma guerra mercantil global. Os principais conselheiros escolhidos por Lula para discutir o tema até cá foram o ministro da Rancho, Fernando Haddad, e o vice-presidente Geraldo Alckmin – que também é o titular da pasta da Indústria, Negócio e Serviços.
Ambos disseram que era preciso entender melhor o texto das medidas e tentar perfurar um via de negociação com o governo dos EUA – postura que tem o aval de empresas brasileiras. No caso do aço, Alckmin chegou a proferir que o ideal seria tentar manter o convénio de cotas que vigora desde 2018, firmado no primeiro procuração de Trump. “O que foi feito anteriormente (em 2018)? Cotas. Essa é uma boa solução. Logo, o caminho é o diálogo”, disse ele, em entrevista na quarta-feira passada, 5.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.