(FOLHAPRESS) – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta segunda-feira (21) que a capital paulista continuará a suportar com apagões pelo menos até o final do contrato de licença de Enel, em 2028, caso não haja uma mediação na empresa.
“Está muito clara a incapacidade da empresa de tocar o seu negócio. Ela não faz o que tem que fazer porque não quer. Está olhando o resultado financeiro. Você tem uma empresa que deixa de investir. Porque é muito fácil atingir os indicadores regulatórios previstos hoje em cima de um contrato que é muito macróbio”, afirmou o governador depois participar de evento na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
“Só existe uma coisa que vai resolver o problema, que é um remédio regulatório, previsto na lei de concessões e na lei do setor elétrico, que é a mediação”, acrescentou.
Tarcísio disse que a concessionária não investe na modernização do sistema pois os gastos não se traduziriam em uma tarifa maior -ou seja, em mais receita.
O governador afirmou ainda que as metas previstas no contrato são facilmente alcançadas, apesar da insatisfação do consumidor com o serviço prestado -por isso uma fiscalização por segmento da Aneel (Escritório Vernáculo de Vigor Elétrica) não dará resultado- e que somente um interventor poderia prescrever que sejam feitos os investimentos necessários.
Na avaliação de Tarcísio, a Enel não está interessada em investir em cabos protegidos, melhorar a resistência mecânica de seus materiais e contratar equipes para fazer os religamentos. “Vai puxar isso com a ventre até a extinção do seu contrato.”
Segundo o governador, se a Aneel e o TCU (Tribunal de Contas da União) não fizerem zero, na próxima chuva com vento haverá novamente milhões de clientes sem robustez. Ele reafirmou que o estado de São Paulo e a prefeitura não são donos do contrato, que é federalista.
“Estamos acionando o TCU, estamos acionando o Judiciário, estamos falando com a dependência, estamos falando com o ministério [de Minas e Energia], mas, gente, o contrato não é nosso. Se fosse, estava resolvido.”
“Se a dependência não fizer zero, se zero intercorrer, nós vamos ter o quarto apagão, o quinto apagão, o sexto apagão, e vai ser assim até 2028. E olhe lá se, lá na frente, os caras não quiserem prorrogar esse contrato.”
Tarcísio disse esperar que a notificação da empresa pela dependência seja o primeiro passo para a mediação e que não dá para descobrir que esse problema vai ser resolvido sem uma ação mais enérgica.
O governador afirmou ainda que o problema não está ligado à falta de aterramento da rede de robustez. segundo ele, outras cidades com cabeamento airado, uma vez que Curitiba, possuem concessionárias que investiram em sistemas modernos contra problemas climáticos.
Por termo, fez uma conferência com o contrato de privatização da Sabesp.
“Eu falo cá uma vez que poder que defende a presença do capital privado na economia. Agora, olha o desvelo que nós tivemos na privatização da Sabesp, em termos regulatórios, em termos contratuais, em termos de convenção de investimento, em termos de convenção de acionista. Completamente dissemelhante. E aí eu te garanto, o que aconteceu na Enel não vai intercorrer na Sabesp.”