Saiba diferenciar entre o mau hálito estomacal e o bucal

O mau hálito ou halitose é um incômodo que afeta a qualidade de vida de aproximadamente 40% da população mundial, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). E embora a halitose não seja uma doença, em situações raras, esse odor pode ser resultado do desenvolvimento de doenças gastrointestinais graves. Mas afinal, quando identificar a causa do mau hálito?

Para entender a relação entre o sistema digestivo e a cavidade oral, conversamos com o Dr. Lucas Nacif, cirurgião gastrointestinal, e membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), e com o Dr. Victor Nastri, cirurgião dentista e membro da sociedade brasileira de odontologia estética (SBOE), que explicam as origens do mau hálito, e como identificar.

É possível diferenciar a halitose estomacal de outros tipos de mau hálito?

Segundo o Dr. Nacif, Sim. O mau hálito estomacal geralmente tem um odor mais forte e persistente, e pode ser acompanhado de outros sintomas, como azia ou refluxo. Mas segundo ele, as doenças gastrointestinais só devem ser levadas em consideração como causadoras do mau hálito quando todas as alternativas forem descartadas.

“O mau hálito de origem gástrica frequentemente se manifesta através de sintomas como azia persistente, regurgitação ácida e desconforto abdominal após as refeições. Isso porque, existe a chance desses indícios sugerem uma possível relação com problemas gastrointestinais, como o refluxo gastroesofágico, no qual o conteúdo ácido do estômago retorna para o esôfago, causando desconforto e, consequentemente, contribuindo para o mau hálito. Além disso, úlceras gástricas, feridas na parede do estômago, podem ser outra causa potencial, especialmente quando acompanhadas por sintomas como dor abdominal em jejum ou após a ingestão de alimentos. Outro fator a considerar é a infecção por Helicobacter pylori, uma bactéria associada a úlceras gástricas e gastrite, que pode desempenhar um papel significativo no desenvolvimento do mau hálito de origem gástrica.

“Reconhecer esses sinais específicos é fundamental para uma abordagem diagnóstica precisa e direcionada do paciente”, salienta Nacif.

Dr. Victor Nastri, cirurgião-dentista, concorda, e também destaca a importância de uma avaliação odontológica completa antes de considerar outras causas. “Cerca de 90% dos casos de halitose têm origem na cavidade oral. Problemas como cáries, doenças periodontais, saburra lingual (placa bacteriana na língua) e até próteses mal adaptadas podem ser os responsáveis pelo mau hálito. Por isso, é fundamental que o paciente visite o dentista regularmente para garantir que a saúde bucal esteja em dia”, aponta.

Nastri também aponta que o mau hálito muitas vezes está relacionado ao processo de digestão, que começa na boca durante a mastigação. As bactérias naturalmente presentes participam desse processo, gerando fermentação e acidez na boca. A falta de higiene oral adequada pode levar ao surgimento do mau hálito. Segundo ele, para prevenir isso, é essencial escovar os dentes, incluindo o dorso da língua, para remover bactérias e células epiteliais. O uso de fio dental após as refeições também é o ideal, para evitar a permanência de resíduos alimentares na cavidade oral, prevenindo assim a formação de biofilme ou placa bacteriana.

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