(FOLHAPRESS) – Era uma noite no término de junho quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), num jantar na vivenda do ministro Fernando Haddad (Rancho), foi aconselhado por economistas a moderar suas recorrentes críticas ao mercado, em seguida uma disparada do dólar.
Haddad já tinha pedido para sua equipe alguns estudos sobre namoro de gastos. Mas o jantar marcou um momento de viradela. Em seguida o encontro, as discussões começaram a esquentar no governo e poucos dias depois Lula deu o sinal verdejante para um namoro de R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias.
O proclamação não foi suficiente para aplacar as incertezas. Um pacote de medidas mais espaçoso começou a ser formulado. A estratégia foi manter a máxima discrição sobre o projecto. Segundo relatos ouvidos pela Folha, Haddad acreditava que, ao segurar informações, poderia evitar a desidratação do conjunto de medidas.
Foi somente a partir de outubro que a discussão ganhou tração. No dia 29 daquele mês, Lula reuniu seus homens de crédito no Palácio da Alvorada, incluindo Gabriel Galípolo, porvir presidente do Banco Mediano. Ao longo do processo, o atual diretor do BC atuou porquê interlocutor ativo, tentando mostrar que havia uma antecipação de risco fiscal em relação ao porvir.
Naquele encontro, não passou despercebida a pouquidade de Simone Tebet (Planejamento). Os primeiros desdobramentos da reunião levaram o ministro Luiz Pelágico (Trabalho) a ameaçar pedir destituição, caso alguma decisão que envolvesse sua pasta fosse tomada sem seu conhecimento.
No dia 6 de novembro, em mais uma reunião a portas fechadas, a tensão entre Pelágico e Haddad escalou, e as divergências foram expostas aos olhos de Lula. Publicamente, o ministro da Rancho dizia que faltavam exclusivamente “dois detalhes” que precisavam ser mira de uma “arbitragem simples” do presidente, mas um desfecho estava longe de se concretizar.
Enquanto Haddad alimentava as expectativas de um proclamação próximo, gerando estresse nos preços dos ativos financeiros, Lula não demonstrava pressa. Em um novo encontro no Palácio da Alvorada, o dirigente do Executivo decidiu que qualquer proclamação só ocorreria depois da cúpula do G20, marcada para os dias 18 e 19 de novembro. A teoria era não ofuscar o evento, que reuniu líderes das principais economias do mundo no Rio de Janeiro.
Antes do embarque, o presidente também se encontrou com os ministros Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Carlos Lupi (Previdência). Interlocutores do governo relatam que Lula, sutilmente, pediu que eles cessassem as críticas públicas ao pacote.
Lupi chegara a expor dias antes que não teria porquê permanecer no governo se houvesse perda de direitos na Previdência. As discussões sobre o pente-fino nos benefícios sociais ganharam terreno a partir dali.
Na avaliação de auxiliares de Haddad, o proclamação do projecto de ajuste fiscal foi prejudicado pela sabotagem de integrantes do próprio governo, que começaram a vazar informações. O clima era de caça às bruxas na Rancho nos últimos meses. O secretário-executivo Dario Durigan centralizou as atividades e prometeu medidas severas contra vazamentos.
O secretário do Tesouro Pátrio, Rogério Ceron, ficou encarregado de conversar com o mercado financeiro em São Paulo, em uma tentativa de diminuir os ruídos.
Na última segunda-feira (25), Lula bateu o martelo sobre o pacote e pediu ao ministro da Rancho que fizesse um pronunciamento em rede vernáculo de rádio e televisão.
Coordenador da campanha de Lula à Presidência, o publicitário Sidônio Palmeira atuou não só na produção do oração porquê também na concepção da mensagem.
Voto vencido, Haddad era contra a teoria de mesclar o proclamação do pacote à divulgação da proposta de ampliar a tira de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000 mensais.
Pesou a opinião dos ministros Rui Costa (Vivenda Social), Esther Dweck (Gestão), Paulo Pimenta (Secom), além de Pelágico, Sidônio e da presidente vernáculo do PT, deputada federalista Gleisi Hoffmann (PR), que defendiam que também fosse feito no proclamação um meneio à base petista.
O vazamento do pronunciamento às vésperas de sua veiculação aumentou a tensão na reta final do processo, e a notícia relativa à reforma da renda gerou repercussão negativa.
Nesta sexta (29), em seguida um proclamação mal recebido por analistas de mercado, o dólar fechou em R$ 6 pela primeira vez, renovando o recorde histórico de valor nominal. O governo tenta agora contornar o estrago, e os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), entraram na ofensiva.
Em almoço com banqueiros, Haddad garantiu que a isenção de IR para quem ganha R$ 5.000 só será votada se houver neutralidade fiscal e admitiu a possibilidade de medidas corretivas.
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