SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Rússia lançou nesta segunda-feira (8) sua maior onda de ataques aéreos contra a Ucrânia em meses, disseram autoridades de Kiev. Segundo o prefeito da capital, 60 drones kamizake de fabricação iraniana foram disparados contra o país, sendo 36 deles contra Kiev.
Ainda que a maior parte tenha sido abatida pelo país de Volodimir Zelenski, destroços caíram em uma área residencial da capital deixando ao menos cinco pessoas feridas. Já na cidade portuária de Odessa, um depósito de alimentos teria sido incendiado pelo ataque.
Horas depois, autoridades da região de Kherson, outrora tomada pelos russos e depois reconquistada pelos ucranianos, disseram que a artilharia russa deixou ao menos oito pessoas feridas, incluindo uma criança de 9 anos, em duas aldeias locais.
A ação ocorre às vésperas da data em que Moscou comemora o Dia da Vitória, que celebra o êxito dos Aliados contra a Alemanha nazista, em 1945. Ainda que o Ocidente comemore a marca no dia 8 de maio, as nações da antiga órbita soviética o celebram no dia 9 do mesmo mês.
Moscou prepara um grande desfile para esta terça-feira, já que a data é considerada a mais importante do calendário russo sob Vladimir Putin. O triunfo sobre o nazismo é, afinal, um dos argumentos que permeiam as tentativas de Putin de justificar a invasão da Ucrânia.
O líder argumenta que seria preciso “desnazificar” o país vizinho. O argumento, além de contrariado por especialistas na região, também é refutado com recorrência pelo governo de Zelenski, que celebrou o Dia da Vitória nesta segunda-feira por meio de um discurso à nação.
Poucas horas após sirenes de ataque aéreo soarem em toda a Ucrânia devido à possibilidade de um novo ataque russo, Zelenski comparou a invasão de seu país à invasão da Alemanha nazista -que chegou a ocupar o território hoje pertencente à Ucrânia.
“Todo o mal que a Rússia está trazendo de volta será derrotado assim como o nazismo foi derrotado”, disse ele. “Este mal, embora seja diferente, tem o mesmo objetivo: a servidão e a destruição.”
Na fala de cerca de 10 minutos, em que Zelenski discursa diante de um memorial da Segunda Guerra Mundial, ele volta a acusar o Kremlin de práticas como tortura, massacre e deportação -o Tribunal Penal Internacional já emitiu um mandado de prisão contra Putin por deportação ilegal de crianças ucranianas.
“Nunca esqueceremos a contribuição do povo ucraniano para a vitória contra o nazismo. E não vamos permitir que ninguém minta e diga que a vitória poderia ter ocorrido sem a participação de outro país ou povo”, completou.
Também nesta segunda, uma fala do chefe da inteligência ucraniana levou a reações de Moscou. Em entrevista ao Yahoo News Cirilo Budanov foi questionado se Kiev estaria empreendendo ataques contra figuras públicas pró-Rússia -a explosão de um carro no sábado (6) feriu o escritor nacionalista Zakhar Prilepin, defensor ferrenho da Guerra da Ucrânia, na Rússia.
Budanov não quis comentar, mas disse: “Tudo que comentarei é que temos matado russos e vamos continuar matando russos em qualquer lugar do mundo até a vitória total da Ucrânia”.
Em resposta, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, acusou Kiev de terrorismo. “É uma declaração monstruosa. Uma confirmação direta de que o regime de Kiev não apenas patrocina atividades terroristas como também é um organizador dessas atividades”, disse ele.
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