BRUNO BRAZ E IGOR SIQUEIRA
RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – No topo de audiência na plataforma Max Original, a série documental “Romário – O Cara”, surpreendeu até mesmo quem achava que já sabia tudo sobre a vida do Baixinho. Durante os seis episódios, a produção entrega o craque em seu melhor estilo: polêmico, sem filtro e revelando bastidores até o título da Copa de 94, com depoimentos de convidados de peso como Roberto Baggio, Pep Guardiola, Hristo Stoichkov, Franco Baresi, Ronaldo, Neymar e Bebeto.
Houve também quem se recusou a participar do projeto. Müller e Zagallo, por exemplo, foram algumas das personalidades que receberam o convite, mas negaram, algo que virou um prato cheio para a língua afiada do ex-atacante:
“O meu sonho era que esses caras todos falassem, mas infelizmente os caras tudo [sic] peidaram e não falaram”, disse Romário, à reportagem.
ROMÁRIO E AS CRÍTICAS A ZAGALLO
Dentre as polêmicas na série, Romário detalha as desavenças com Müller e Zagallo. Em relação ao ex-técnico da seleção brasileira, afirmou que não só não retiraria algo que falou no documentário após a morte do Velho Lobo ocorrido em janeiro- como diria outras coisas caso o tetracampeão mundial ainda estivesse vivo.
“Eu não só não retiraria se ele estivesse vivo como colocaria mais alguma coisa, mas infelizmente ele não está, então deixa do jeito que está”, diz.
Já com Müller, o Baixinho revelou um boicote ao ex-atacante na Copa de 1994, após não gostar das declarações do ex-jogador de Palmeiras e São Paulo no Mundial anterior, em 1990.
“O negócio do Müller é que ele foi o contrário à minha permanência em 90, e se tivessem me perguntado se eu gostaria que ele fosse convocado em 94, eu falaria que não. Ainda bem que não fui perguntado, por isso que ele foi. E, em relação a ter jogado ou não, ele não ia jogar mesmo, porque o Bebeto era quase impossível de sair. E, se o Bebeto saísse, quem jogaria seria o Ronaldo. O Müller estava sendo inteligente, não ia ficar brigando com a gente”, conta o ex-jogador.
A entrevista foi feita com Romário; com o diretor da série, Bruno Maia; e com o gerente sênior de Conteúdo de Não-Ficção da Warner Bros. Discovery, Patrício Diaz.
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Vai ter a 2ª temporada?
Romário: “Ficou aquele gostinho de: ‘quando vai começar a próxima?’. Eu acredito que, de alguma forma, vamos fazer, porque todos estão satisfeitos: Max gostou, a gente gostou, então devem vir mais cinco episódios aí”.
Patrício Diaz: “Estamos muito satisfeitos com a série, mas ainda estamos no momento de lançamento. Ainda há tempo para analisar. Obviamente, vamos conversar para o futuro, mas não é o momento porque estamos acreditando na divulgação, atingir mais pessoas. Mas muito feliz com a crítica e com a recepção até agora. As perspectivas são boas”.
O que o telespectador pode esperar em uma 2ª temporada?
Romário: “As porradas continuam. Tem a porrada com o Cafézinho [ex-jogador do Madureira], o negócio do cara da galinha [briga com torcedor do Fluminense], a porrada da voadora também [contra o Vélez Sarsfield], onde defendo o Edmundo. Isso aí não vai faltar”.
Gostaria que o Edmundo falasse na 2ª temporada?
Romário: “Porra, adoraria. O meu sonho era que esses caras todos falassem, mas infelizmente os caras tudo [sic] peidaram e não falaram”.
Bruno Maia: “Se tiver, o Edmundo será convidado. De preferência, que venha de língua solta. Duvido alguém que deu entrevista dizer que foi censurado. E também que, nessa primeira fase da vida do Romário, alguém que tivesse algo a dizer diga que não foi procurado. Espero que, na próxima, a galera fique um pouco mais corajosa”.
Alguém que já faleceu que gostaria que tivesse participado
Romário: “Zagallo, Pelé, Maradona. Entre os vivos, quem poderia falar alguma coisa que tive algum tipo de desentendimento: Zico, Edmundo, Müller. Mas, infelizmente, não aconteceu”.
Fez alguma exigência?
Romário: “A exigência que fiz foi que colocassem o que entendessem que seria importante. Essa coisa do Romário sair como bonzinho não é a minha cara. Mas as pessoas que poderiam falar mal, infelizmente, acabaram não aceitando”.
Arrependimento por não ficar mais tempo na Europa?
Romário: “Falando como jogador, é claro que eu teria sido maior, principalmente na Europa. Mas não me arrependo, faria a mesma coisa, porque estava querendo ser feliz. Naquela volta ao Brasil, o tempo que fiquei com meus amigos, familiares, das coisas que eu gosto. Ali era o meu lugar. Por isso voltei e voltaria de novo. Mesmo sabendo, nesta sexta-feira (5), que poderia ter sido maior”.
Frase “funcionar na guerra” é aplicada também na política?
Romário: “Claro, 100%. Isso se aplica na vida. E na política também não é diferente. Na política, a gente está… Cada dia é uma batalha, e a guerra é constante mesmo porque tem de estar sempre atento, sempre olhando para os dois lados, ou melhor, para todos os lados, que, quando menos você espera, aparece alguma coisa diferente”.