Os jovens homossexuais ou bissexuais têm uma probabilidade três vezes maior de cometer suicídio em alguma momento da sua vida, uma possibilidade que aumenta quando a família não aceita a sua orientação sexual, segundo dados hoje divulgados.
Os dados constam de um documento da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), com o título ‘Vamos falar sobre o suicídio’, lançado a propósito do Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, assinalado hoje.
“Um dos fatores que pode espoletar estes comportamentos de suicídio são de fato este desajustamento que a pessoa sente relativamente à aceitação da família quando há questões de orientação sexual ou de identidade de gênero”, disse à agência Lusa Renata Benavente, da OPP.
A psicóloga explicou que, quando existem estas “dificuldades acrescidas, sobretudo nestas fases de desenvolvimento que são críticas, da estruturação da personalidade, de aceitação de si próprio”, a situação agrava-se.
“A adolescência por si só, e os números mostram isso, já é uma fase difícil em que há um número crescente de suicídios. Se essas dificuldades que são expectáveis da adolescência se associam a outros fatores de risco, como a identidade sexual, a não aceitação por parte da família da sua orientação sexual, todas essas dificuldades naturalmente vão aumentar o risco de suicídio”, destacou.
No seu entender, é um grupo de jovens e de pessoas que deve merecer uma particular atenção.
Alertou também para “uma problemática muito preocupante” que é o suicídio entre a população mais jovem, a segunda causa de morte entre os jovens em todo o mundo entre os 15 e os 34 anos.
“A primeira {causa] são as mortes por acidente e a segunda é o suicídio, o que nos leva a refletir sobre porque é que os jovens estão tomando este tipo de decisão de retirar a própria vida”, sublinhou.
No Brasil, o número de mortes por suicídio vem crescendo e frequentemente são reportadas casos do gênero entre crianças e adolescentes.
No mundo, morrem quase 800 mil pessoas por suicídio anualmente, o que corresponde aproximadamente a uma morte a cada 40 segundos.
“A maior parte das pessoas que morreu por suicídio sofria de problemas de saúde psicológica, como depressão e consumo problemático de álcool”, refere o documento.
Por outro lado, apontou Renata Valente, a investigação internacional também mostra que o número de tentativas é 25 vezes superior ao número de suicídios consumados.
“As tentativas de suicídio e os suicídios são um grande desafio em termos da saúde pública e resultam normalmente de situações de grande sofrimento emocional e têm um impacto muito importante, quer pela perda de vidas humanas”, quer nos “sobreviventes”.
“Cada suicídio pode deixar entre seis a 10 pessoas sobreviventes”, como pais, irmãos, filhos, amigos, conhecidos, vizinhos, colegas da pessoa que morreu e profissionais de saúde, refere a publicação.
Sobre o documento, Renata Benavente explicou que o objetivo principal é abordar as temáticas do suicídio e promover a literacia em saúde, “ajudando a população em geral a identificar alguns sinais que possam remeter para alterações que indiciam um eventual comportamento desta natureza”.
“Para muitas é apenas um escape para uma situação transitória que não se consegue lidar de uma forma mais impulsiva e se estivermos atentos a este tipo de indicadores poderemos realmente atuar no sentido de ajudar esta pessoa a aliviar este sofrimento interno e não consumar um ato desta natureza”, salientou.
O documento debruça-se também sobre os motivos que podem conduzir ao suicídio, os fatores de risco e proteção, faz recomendações sobre o que se pode fazer e tem uma secção dedicada aos mitos e factos e outra aos sinais de alerta.
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