FERNANDA EZABELLA
SÃO PAULO, SP E LOS ANGELES, EUA (FOLHAPRESS) – Fernanda Torres foi um dos destaques da série de reportagens que a revista americana W Magazine, publicada pela Condé Nast e dedicada à tendência e às artes em universal, preparou para a atual temporada de prêmios de Hollywood, que tem um de seus capítulos mais importantes neste domingo (5), com o Mundo de Ouro.
Segundo o texto, assinado pela jornalista Lynn Hirschberg, a indicada ao prêmio de melhor atriz em drama por “Ainda Estou Cá” é secção do que poderia ser chamado de realeza brasileira, graças ao vestuário de ser filha de Fernanda Montenegro, única brasileira também indicada à mesma categoria do Mundo de Ouro.
“Mas enquanto aos 59 anos ela é reverenciada em seu país natal há décadas, só agora ela está recebendo o reconhecimento que merece de Hollywood”, diz o texto que introduz a conversa entre Hirschberg e Torres.
“Ninguém sabia da Eunice Paiva. Ela é uma grande brasileira, uma grande mulher, mas que nunca fez zero para ser notada. Ela começa porquê uma dona de morada perfeita nos anos 1950, serve moca, cuida dos cinco filhos. Mas quando a tragédia chega, ela muda completamente, ela se reinventa”, afirmou Torres sobre sua personagem.
“Foi super importante ter feito, foi um dia incrível”, diz a atriz à reportagem sobre ter sido entrevistada pela publicação. “Estava o Daniel Craig saindo, e a Angelina Jolie entrando, a Zoe Saldaña se maquiando, e você ali e por um filme sobre a Eunice Paiva. É tão bonito que a gente esteja cá pelas mãos dessa mulher.”
“Ainda Estou Cá” é fundamentado no livro de Marcelo Rubens Paiva, em que o responsável narra o desaparecimento do pai, o ex-deputado Rubens Paiva, durante a ditadura militar. “Eu acho que o sorriso da Eunice é um tipo de arma, ele faz querer lutar pela sua família, pelos seus valores.”
Numa reportagem com alguns erros factuais -a ditadura militar brasileira é chamada de “regime Duarte” e a Semana da Sátira, importante seção do Festival de Cannes, é mencionada porquê se fosse o nome de um filme em que Torres atuou quando ela se referia a “Eu Sei que Vou Te Amar”-, Hirschberg recupera ainda o pretérito familiar da atriz, e lembra que sua mãe foi indicada ao Oscar, feito que os brasileiros esperam que Torres repita.
Ao falar da mãe, Torres diz que Montenegro sente pena daqueles que não conhecem os “prazeres do teatro”. “O teatro deu a ela milénio vidas”, diz. “Eu fui criada nas coxias dos teatros. Meu pai, Fernando [Torres], também era ator e produtor. E eles me deram o nome de Fernanda. Eu não podia evadir, viu só?”
Torres também diz à repórter que os primeiros filmes que tem memória de ter visto foram “Pele de Asno”, de Jacques Demy, e “2001: Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick. “É um ótimo filme para crianças. Tem macacos e espaço-naves”, disse a atriz.
Nas redes sociais, a entrevista repercutiu com diversos elogios de celebridades e usuários brasileiros, mas também com comentários em tom de piada sobre o penteado escolhido para o experimento, feito por Paul Hanlon. Alguns comparam com a personagem Bia Falcão, vivida por Fernanda Montenegro na romance “Belíssima”, outros à Aracy Balabanian, em “Sai de Grave”, e até à apresentadora Hebe Camargo.
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