Reserva de ações para leilão da Sabesp começa nesta segunda

(FOLHAPRESS) – A partir desta segunda (1º) estão abertas as reservas de ações da privatização da Sabesp. Até o dia 15 de julho, investidores pessoas físicas poderão sinalizar, via corretora, a intenção de comprar uma determinada quantia de papéis da empresa de saneamento que estão nas mãos do estado de São Paulo e irão à mercado em 19 de julho.

Serão vendidas até 220,5 milhões de ações, sendo que 15% irão para a Equatorial, o investidor de referência. A companhia foi a única interessada em exercer esse papel na privatização e não poderá vender suas ações até 2030.

O governo paulista ainda terá participação na empresa, de 18% a 22%, a depender da demanda do mercado.

“É importante mencionar que caso o volume de interesse pela operação seja baixo, a oferta será postergada e deverá se materializar apenas em um outro momento”, ressaltam os analistas da Genial Investimentos.

Considerando o máximo de ações vendidas, a oferta pode captar em torno de R$ 16,5 bilhões, considerando o preço das ações já listadas na última sexta (28), de R$ 74. Esse volume situaria a oferta secundária, chamada de follow-on, como a 11ª maior do país, empatada com o IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês) da OGX, petroleira de Eike Batista.

QUAIS AS PROJEÇÕES PARA AS AÇÕES DA SABESP?

Em abril, as ações da Sabesp atingiram sua máxima histórica nominal de R$ 83,69, mas desaceleraram e registram desempenho praticamente estável no acumulado do ano. O processo de privatização, no entanto, ainda tem potencial de impulsionar o papel, segundo analistas.

Projeções compiladas pela Bloomberg mostram que a maioria das casas de análise mantém recomendação de compra para a ação da companhia, com preço-alvo médio de R$ 97,66 em 12 meses -hoje, o valor é R$ 74,00, o que seria uma valorização de 32%.

O Citi, banco mais otimista dentre os consultados, projeta R$ 137, o equivalente a um salto de 85%. Já a Genial, mais moderada, tem um preço-alvo de R$ 77,00, um ganho potencial de apenas 4%

Em relatório recente, a EQI Research, que iniciou neste mês a cobertura da empresa, também recomendou compra e projetou preço-alvo de R$ 115 para as ações da companhia, um potencial de valorização de 55%.

Para a EQI, a Sabesp tem executado de maneira bem-sucedida uma agenda de ganho de eficiência, reduzindo custos e otimizando investimentos. A privatização, além de dar continuidade a esse movimento, também pode trazer melhoras à governança da companhia, dizem os analistas.

A gestora cita, ainda, que o plano de investimentos da companhia para os próximos anos, de aproximadamente R$ 55 bilhões, pode impulsionar seu crescimento, em especial após a Sabesp ter se comprometido a universalizar o acesso ao saneamento no estado de São Paulo até 2029, antecipando o período previsto pelo novo marco do saneamento.

“A privatização pode ser uma oportunidade muito boa para a empresa ganhar eficiência e se tornar um veículo de consolidação do setor. É um negócio de crescimento muito grande, ela tem que cumprir metas de universalização [de saneamento] num prazo relativamente curto”, diz Luís Moran, analista-chefe da EQI Research.

Moran também cita, no entanto, riscos que podem impactar o valor das ações da companhia. Para ele, o principal ponto de alerta o preço mínimo da ação, que, apesar de já ter sido definido, ainda não foi divulgado pelo governo de São Paulo e pode estar acima do esperado pelo mercado. Segundo o governo, os valores só serão divulgados no fim do processo, como forma de garantir mais segurança à operação e mitigar riscos. Ou seja, o investidor que se inscrever na oferta fica no escuro sobre quanto irá desembolsar de fato.

Além disso, o relatório também aponta riscos de governança, já que o estado de São Paulo ainda terá participação relevante na empresa e pode ter atritos com o investidor de referência, a Equatorial, e os demais acionistas. A gestora cita, ainda, riscos regulatórios e ambientais que podem prejudicar a empresa.

Ele ainda aponta uma possível fragilidade no principal ponto de otimismo sobre a empresa: seu programa de investimentos, que pode não ser plenamente executado, o que impactaria o crescimento projetado para a companhia.

“Num programa de investimentos desse tamanho, o risco de execução está sempre presente. Gastar tanto dinheiro nesse prazo não é algo trivial, é um desafio de engenharia, de logística e de planejamento. Sempre há problemas de execução”, diz João Pedro Zanott, auxiliar de análise de investimentos da EQI.

Ele cita, por outro lado, que a nova política de dividendos da companhia condiciona o pagamento da remuneração aos acionistas ao cumprimento das metas de universalização, o que deve colocar a execução do plano de investimentos como uma das prioridades da gestão.