MAURICIO STYCER
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com a morte de Silvio Santos, aos 93 anos, neste sábado (17), relembre algumas das frases mais marcantes ditas pelo apresentador e dono do SBT.
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“O sorriso é a melhor arma para inspirar confiança. O homem que sorri é um homem confiante, de quem toda gente gosta.” (“Realidade”, texto de Luiz Lobo, setembro de 1969)
“Dizem que meu programa é comercial e que eu faço, na televisão, rádio com imagem. É verdade. Mas é isso que o público quer, e ninguém conhece o público como eu. Pesquiso, gasto dinheiro procurando saber o que ele quer, o que não quer. Não sou eu quem está por fora. São os que falam sem saber.” (“Realidade”, em setembro de 1969)
“O que a crítica não percebe é que a televisão é um reflexo da realidade brasileira. Eu fabrico televisores e vendo, só em São Paulo, 500 por mês, a 30 cruzeiros novos, sem entrada. Eu sei quem é que compra: o antigo público do rádio. Hoje em dia, quem não tem televisão não tem coisa alguma.” (“Realidade”, em setembro de 1969)
“No meu programa há uma parte com perguntas e respostas. Se em dez perguntas o telespectador não consegue responder pelo menos seis, ele vira o botão, vai ver outra coisa, diz que o programa está ruim. Mas se ele reponde as dez, fica bem com a mulher, com os filhos, com ele mesmo, e fica satisfeito comigo e com o programa. Dá audiência, entende?” (“Realidade”, em setembro de 1969)
“Outros artistas famosos não fazem segredo de suas vidas, mas acho que, se posso manter o interesse do público em torno da minha pessoa, devo manter. Por isso não digo a minha idade, nem se sou casado, nem se uso peruca, se comprei ou deixei de comprar a mansão do Horácio Lafer. São os meus mistérios e isso dá resultado. Você, por exemplo, está perguntando tudo isso”. (Veja, a Eda Maria Romio, em 7 de abril de 1971)
“90 ou 95% das decisões que eu tomo, graças a minha intuição, costumam dar certo. Eu digo isso sem menosprezar meus assessores. Eles são excelentes na execução, mas eu gostaria de ter mais gente criativa” (Veja, em 28 de maio de 1975)
“Preciso pedir Frank Sinatra para eles me darem Wanderley Cardoso. Se pedir Wanderley, eles me mandam o porteiro de um bar de esquina dizendo que ele canta direitinho. Enquanto digo: quero Hollywood, sai um programa pelo menos bem feito, e não como de há dez anos atrás” (Folha, a Maria José Arrojo, em 22 de abril de 1977)
“Eu já dei ordens aos jornalistas da minha empresa para nunca criticar, só elogiar o governo. Se for para criticar, é melhor não falar nada. É melhor ficar omisso.” (Estadão, em 11 de março de 1985)
“O departamento comercial do SBT me convenceu a deixar um pouco de lado a minha programação popularesca para buscar um público um pouco mais sofisticado. Ou seja, a qualidade da programação pode não conquistar o telespectador, mas é uma exigência das agências de propaganda.” (Veja, a Mario Sergio Conti, em 4 de setembro de 1985)
“A Globo também tem programas populares, como o Fantástico, que às vezes parece um programa médico, de tantas reportagens sobre doença que apresenta. Mas é diferente você fazer uma reportagem sobre doença deixando apenas o doente falar, ou mostrar gráficos e entrevistas com médicos. O público gosta das duas coisas, mas as agências de propaganda preferem o tratamento mais sofisticado.” (Veja, a Mario Sergio Conti, em 4 de agosto de 1985)
“A Globo é um supermercado, o SBT é uma quitanda. Fatura dez vezes mais do que eu. Se a Globo fechasse hoje, pegasse fogo, e eu fosse o primeiro colocado e pegasse o mercado dela, nem em dez anos teria o prestígio, a qualidade, os profissionais que a Globo tem. Ela se transformou, por mérito, sorte, não importa o que, falta de concorrência, num parque de comunicação que é um dos mais importantes do mundo. É isso o que eu digo: você vai lá na Globo, vai no supermercado fazer as suas compras, não esqueça de passar na minha quitanda.” (Estadão, a Marcos Wilson e Luiz Fernando Emediato, em 18 de outubro de 1987)
“Jô Soares veio trazer aquele chantili que, dizem as classes pensantes, faltava ao nosso pudim” (Folha, a Roldão Arruda, em 21 de fevereiro de 1988)
“Sou a favor da autocensura. Aquilo que não posso ver com a minha mulher e as minhas filhas, as filhas dos outros também não podem ver.” (Folha, a Roldão Arruda, em 21 de fevereiro de 1988)
“Eu sou concessionário, um ‘office boy’ de luxo do governo. Faço aquilo que posso para ajudar o país e respeito o presidente, qualquer que seja o regime.” (Folha, a Roldão Arruda, em 21 de fevereiro de 1988)
“Só faço jejum no dia do Yom Kipur para mostrar ao meu líder lá em cima que estou com ele, e acho o Pai-Nosso a mais bela oração que alguém já disse.” (Jornal do Brasil, a Cida Taiar, em 22 de fevereiro de 1988)
“Não vou falar mal de nenhum candidato. Não pedirei votos para mim. Simplesmente vou dizer que sou candidato e pretendo governar o Brasil com sensatez, honestidade e justiça.” (Veja, em 8 de novembro de 1989)
“Se o lenhador Abraham Lincoln foi presidente dos Estados Unidos e o ator Ronald Reagan também -e por dois mandatos-, um camelô que virou artista e empresário pode ser presidente do Brasil. Se existem empresários, pessoas de formação universitária e homens de projeção nacional alimentando este tipo de preconceitos contra mim, eles não deveriam estar nas importantes posições que ocupam.” (Veja, em 8 de novembro de 1989)
“Geralmente eu me preocupo quando a crítica acha bom um produto meu. Quando os críticos dizem que o produto é bom, realmente, vai dar dois pontos de audiência. O filme ‘A Escolha de Sofia’ ganhou o Oscar. Coloquei na programação e deu oito pontos de audiência. A crítica elogiou ‘Brasileiras e Brasileiros’. Falou que ia ser sensacional. Deu cinco pontos. Então, a critica raramente funciona na televisão.” (Folha, a Sonia Apolinário, em 9 de junho de 1991)
“Vou continuar sendo brega. Esse estigma até me envaidece, não empobrece. Sendo brega, lançando aquilo que o público gosta, eu consigo dar emprego para mais de 3.000 funcionários em São Paulo e 60 afiliadas em todo o Brasil. Então, é preferível ser brega, ter uma programação popular e ter dinheiro para poder, no final do mês, pagar o salário dos funcionários.” (Folha, a Sonia Apolinário, em 9 de junho de 1991)
“O brasileiro é um povo humilde. A televisão é a sua única diversão. Esse povo não quer ligar a televisão para ter aula ou ter cultura. Isso quem tem que dar para ele são as autoridades competentes, por meio da escola. Nós, empresários, podemos ir a Miami, podemos ir à França ver ópera. Mas o pobre, que não tem dinheiro nem para ir ao circo, porque tem que comprar cachorro-quente para os filhos, quer é diversão grátis. Temos que dar ao povo o que o povo quer. Se for samba, será samba. Se for mulher com pouca roupa, será mulher com pouca roupa.” (Veja, a Ricardo Valladares, em 17 de maio de 2000)
“Uma vez tinha um homossexual no júri, e o coronel Erasmo Dias -acho que foi ele- ligou para mim e falou que eu estava dando mau exemplo. Tirei o jurado do ar. O público não aceita bem o homossexualismo.” (Veja, a Ricardo Valladares, em 17 de maio de 2000)
“Eu sou judeu. Aprendi hebraico, sei rezar a oração dos mortos, respeito as datas religiosas. Leio a Bíblia e sigo os preceitos. Faço jejum completo. Quando é época, não tomo nem água -na hora do Rophynol, chego a juntar cuspe na boca para poder engolir. Sou fã também do Edir Macedo, embora não seja adepto da religião dele. Ele tira as pessoas das drogas, da bebida, faz com que as classes menos favorecidas tenham confiança no futuro.” (Veja, a Ricardo Valladares, em 17 de maio de 2000)
“A única coisa com que me preocupo é com a televisão. Eu sou investidor. Se (o negócio) der certo, deu. Se não der certo, não deu. A TV é o meu negócio. Mesmo que não desse certo, é o meu hobby. Agora, os outros são negócios. Eu não sou obrigado a entender de perfumaria, de banco. Eu não! Isso aí eu boto dinheiro, pago bem os profissionais e eles têm que me dar resultados. E, às vezes, falham. Desta vez, falhou.” (Folha, a Monica Bergamo, em 12 de novembro de 2010)
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