A Prefeitura de Sorocaba protocolou, nesta segunda-feira (28), junto ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), um relatório técnico elaborado por especialistas da área, incluindo os profissionais do Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, para detalhar as possíveis consequências que a viagem até o Santuário de Elefantes Brasil (SEB), localizado na Chapada dos Guimarães (MT), pode acarretar à saúde do elefante Sandro, bem como a mudança repentina de ambiente, já que se trata de um animal idoso e que reside no Zoo Municipal há 40 anos.
A Prefeitura de Sorocaba tem dialogado sobre o assunto com especialistas da área ambiental e profissionais ligados à causa animal, sempre visando, em primeiro lugar, ao bem-estar do elefante Sandro. O desejo da atual Administração sempre foi de que ele permaneça no Zoológico Municipal, onde já vive há tantos anos e é um dos animais mais queridos da população, e o Poder Público vem buscando tudo o que está ao seu alcance para isso. Para o MP, Sandro deve ser transferido para o SEB, em razão da morte natural da sua companheira Haisa, ocorrida em 2020.
No dia 20 de março, houve reunião com veterinários, biólogos, entre outros especialistas da área, bem como pessoas ligadas à causa animal, para tratar sobre a situação do Sandro e, assim, verificar todas as possibilidades do ponto de vista técnico. Durante a reunião, uma Comissão foi montada para se reunir, em nova audiência, com o promotor Dr. Jorge Alberto de Oliveira Marum, do MP. Na sequência, ao longo da semana passada, a Prefeitura buscou o agendamento da audiência com o promotor para tratar do caso. Porém, a resposta do MP enviada ao município, na última sexta-feira (25), sobre a nova conversa foi negativa.
O relatório protocolado no MP aponta que a transferência do elefante ao SEB apresenta uma série de riscos à saúde do animal. Sandro é um elefante idoso, de aproximadamente, 50 anos de idade, e que vive no Zoo há 40 anos, sob cuidados humanos, sem nunca ter vivido em uma manada, como seria no Santuário de Elefantes. Um dos animais mais queridos do “Quinzinho de Barros”, ele era de circo até ser transferido para o Zoo. Ou seja, o elefante Sandro não é um animal que foi capturado em ambiente selvagem. Ele nasceu em recinto e, portanto, não possui habilidades, como, por exemplo, para procurar alimentos na mesma quantidade e qualidade que obtém diariamente no Zoo, há tantas décadas. Sandro recebe cuidados especiais diários da equipe técnica do Zoológico e alimentação balanceada.
Outro ponto apontado pelos especialistas da área e profissionais do Zoológico Municipal é o risco oferecido pela viagem em si, de Sorocaba até a Chapada dos Guimarães, de quase 1.500 quilômetros de distância, com duração estimada de dois dias, o que pode causar uma alta carga de estresse ao animal. Além disso, chegando ao SEB, Sandro seria apresentado a um ambiente completamente novo, com clima também distinto do que está acostumado, e sem a presença de tratadores e profissionais, aos quais está habituado e possui estreito vínculo afetivo.
Uma das propostas apresentadas e que consta no relatório técnico para que o elefante Sandro permaneça no Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” é a ampliação e melhorias no recinto do animal, mesmo o atual já atendendo à legislação vigente, além da vinda de uma companheira (elefanta) para ele. Na proposta, o recinto do Zoo de Sorocaba ficaria ainda maior e receberia diversas benfeitorias. Hoje, já possui uma área com o tamanho acima do que é previsto na legislação, além de ser cercado por um fosso seco, o que dispensa o uso de grades, e apresenta uma área de cambiamento também maior do que o exigido.
Na natureza, estima-se que um elefante possa viver, em média, 40 anos. Já, em recinto, 60 anos, pois, nesta condição, a expectativa de vida é sempre maior, já que os animais têm acompanhamento diário, cuidados médicos, alimentação controlada, além de não ter predadores.
Com 53 anos de existência, o “Quinzinho de Barros” é considerado um dos mais completos da América Latina e classificado no Ibama na categoria A, que é a mais elevada. Além do lazer, o parque vem desempenhando, ao longo desses anos, um importante trabalho de conservação, pesquisa, bem-estar animal e educação ambiental, que são as cinco funções de um zoológico moderno.
Meio Ambiente – Agência de Notícias