Por: Bruno Rodrigues
Serão feitos, inicialmente, mil testes de biologia molecular, sendo 500 somente até abril
A rede pública de saúde de Sorocaba passa a contar, em março, mês das mulheres, com um novo serviço. Trata-se de um procedimento ofertado no Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de um método de rastreamento do câncer de colo de útero por genotipagem para Papilomavírus Humano (HPV).
A contratação do serviço, que será realizado pelo laboratório de alta complexidade Inside Diagnósticos, é oriunda de emenda parlamentar e será disponibilizada no atendimento do Ônibus Rosa e no Centro Municipal de Atendimento Especializado (CMAE).
Atualmente, o rastreamento é feito pelo exame papanicolau, realizado em todas as mulheres com vida sexualmente ativa, pelo menos, uma vez ao ano. Com o novo método, serão feitos, inicialmente, mil testes de biologia molecular, sendo 500 até abril.
Os dados obtidos com esses testes também serão utilizados em uma pesquisa mais ampla sobre a genotipagem do HPV, que tem como objetivo a implementação do método futuramente a fim de fortalecer a política pública de saúde da população. O resultado será apresentado no Congresso Internacional sobre o tema, em Edimburgo, na Escócia.
Hoje, Sorocaba é o único município do estado de São Paulo a ofertar o serviço. No Brasil, rastreamento por genotipagem também é realizado nos estados do Piauí e Paraná. Esse método é utilizado por países desenvolvidos em todo mundo. No Brasil, é eventualmente ofertado na rede privada, quando já há suspeita da infecção pelo HPV/ lesão, em que é utilizado para diagnóstico, e identificação de tipo da doença.
Por sua vez, o novo método adquirido por Sorocaba permite que as mulheres portadoras do vírus sejam identificadas antes mesmo de terem lesões, enquanto o método tradicional permite geralmente a identificação somente após o aparecimento das feridas. Sendo assim, enquanto política pública implementada, o método traz ganhos enormes, evitando que a saúde das mulheres seja comprometida com evolução da doença, melhorando qualidade de vida, bem como de índices de morbidade e mortalidade, diminuindo a necessidade de internações, cirurgias, tratamentos e exames invasivos.
Este método também permite que as mulheres identificadas com exame negativo, somente necessitem realizar o teste novamente após cinco anos, em vez de periodicidade anual ou bianual como é com o método tradicional, contribuindo para desafogar a rede, diminuindo filas de espera para realização dos exames.
Esse estudo possibilita, ainda, dados consistentes para a população de Sorocaba, inclusive com georreferenciamento, permitindo identificar as localidades com maior índice de infecção pelo HPV, propiciando intensificar políticas públicas nestes locais, como campanhas para a vacinação contra o HPV e ampliação da oferta de exames.