SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente da Argentina Alberto Fernández compareceu ao tribunal nesta terça-feira (4) no caso de violência de gênero contra sua ex-companheira Fabiola Yáñez e voltou a alegar inocência. Segundo sua versão, ele é quem era agredido pela esposa.
“Em momentos de embriaguez, ela se tornava violenta, atacando-me com força único. Eu só conseguia manter suas mãos longe de mim para evitar seus golpes”, afirma Fernández em uma epístola de 200 páginas em que rejeita as acusações do processo e pede indulto -ele publicou o documento em suas redes sociais.
“Hoje apresentei minha resguardo em um caso que é uma fraude processual sem precedentes. Depois de muitos meses de silêncio, quero que vocês saibam o que tenho a manifestar”, diz Fernández em um prólogo da epístola.
O ex-presidente prateado é denunciado de “lesões leves duplamente agravadas por terem sido cometidas por meio de violência de gênero e contra sua logo parceira”, além do violação de coerção, por supostamente impedir que as agressões fossem denunciadas.
Fernández diz na epístola que nunca exerceu violência física, psicológica ou econômica contra Yáñez e que nunca limitou suas amizades. “Devo manifestar que, se alguém foi agredido no par, esse alguém fui eu. Se alguém teve que suportar insultos e maus-tratos no par, esse alguém fui eu”, acrescentou.
Segundo o ex-presidente, o processo é fruto de uma injustiça do juiz e do promotor responsáveis pelo caso. “Fizeram todo o necessário para limitar meu recta de resguardo e, assim, induzir-me a me declarar culpado”, afirmou. Durante a audiência, ele não respondeu perguntas e ouviu a arguição de ter causado lesões em pelo menos duas ocasiões à sua logo companheira.
Em 6 de agosto de 2024, a ex-primeira-dama denunciou Fernández, com quem tem um fruto de dois anos, por violência física e psicológica. “Alberto Fernández exerceu sistematicamente violência psicológica contra Fabiola Yáñez na forma de assédio, intimidação, controle, indiferença, insultos, culpabilização, maus-tratos, retirada da fala, negação e hostilidade”, afirmou o promotor.
Fernández nega as acusações e acusa Yáñez de falso testemunho. Os promotores já haviam coletado provas do telefone da secretária privado do ex-presidente, Maria Cantero, com fotografias enviadas a ela por Yáñez mostrando a ex-primeira-dama com hematomas no rosto e no corpo. Ambas já testemunharam perante o tribunal.
Se a arguição for bem-sucedida e o caso for a júri, Fernández poderá ser sentenciado a até 18 anos de prisão. O juiz do caso, Julian Ercolini, é o mesmo que processa outra queixa contra o ex-presidente por suposta fraude de seguro durante seu procuração -caso no qual Fernández testemunhou em novembro pretérito e que ainda não foi levado a julgamento. Nesse processo, o ex-presidente questionou o magistrado por suposta parcialidade, um pedido que ainda está suspenso de solução.