Novas variantes, mais contagiosas do novo coronavírus SARS-CoV-2, causador da doença da Covid-19, já desempenharam um papel tremendo no caos provocado pela subida de infecções e internamentos em países como o Reino Unido, África do Sul ou Brasil. E a tendência é que outras mutações continuem a surgir enquanto o vírus permanecer em circulação.
De acordo com pesquisadores questionados pela BBC News Brasil, quatro sinais de alarme são particularmente importantes no monitoramento de novas estirpes associadas ao novo coronavírus, nomeadamente: surto de hospitalizações, evidências de reinfecção, alteração dos sintomas e da severidade da doença e modificações nas faixas etárias mais infectadas.
Sendo fundamental estar atento a estes elementos, de modo a travar que novas variantes se propaguem por todo o mundo e para amenizar os danos que podem eventualmente provocar.
Os principais riscos consistem na possibilidade do vírus se tornar mais letal, contagioso, mais resistente às vacinas já existentes e às defesas naturais do sistema imunológico humano.
Eis, segundo a BBC News Brasil, os quatro sinais de alerta que indicam o aparecimento de variantes perigosas:
1. Surto de hospitalizações
Quando não há uma explicação razoável para uma localidade ou país experienciar, de repente, uma subida vertiginosade infecções, trata-se de um sinal de alerta para a possibilidade de variante mais contagiosa estar a circular na região.
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Aliás, foi esse ‘sinal vermelho’ que incitou cientistas da África do Sul a mobilizar esforços para identificar mudanças genéticas no coronavírus em circulação na província de Cabo Oriental. Enquanto todo o país experienciava uma estagnação no número de infecções no começo de outubro de 2020, quase três meses depois, a cidade de Nelson Mandela Bay sofria um aumento exponencial de hospitalizações.
Em novembro, pesquisadores da Universidade KwaZulu-Natal, em Durban, na África do Sul, sequenciaram o vírus de pessoas infectadas naquela cidade e verificaram que se tratava de uma variante com 20 mutações.
Foram, então identificadas duas mutações particularmente preocupantes e que depois também seriam encontradas na variante descoberta em Manaus: a N501Y e a E484K.
2. Incidência de reinfecções
Se um local começa a sofrer uma subida na taxa de infecçõesde pessoas que já haviam contraído previamente Covid-19, esse é outro fator de alerta para a possível presença de variantes, especialmente se o novo contágio tiver ocorrido num curto espaço de tempo.
Um estudo realizado pela agência governamental de Saúde Pública da Inglaterra, a Public Health England, apontou que a maioria das pessoas que já contraíram Covid-19 (83%) tem imunidade por pelo menos cinco meses.
3. Mudança de sintomas e gravidade
Outro sinal de potencial surgimento de uma variante é uma alteração consistente nos sintomas de quem testa positivo para a Covid-19 ou um aumento notório de casos severos da doença.
Esses fatores indicariam a presença de mutações que interagem de maneira diferente com as células humanas, levando areaçõesdo sistema imunológico que destoam das causadas pela cepa original do coronavírus.
Atualmente, não existem provas científicas concretas de que as variantes encontradas em Manaus, na África do Sul e no Reino Unido provoquem sintomas diferentes ou sejam mais agressivas.
Contudo, por serem mais transmissíveis, podem aumentar rapidamente o número de infetacdos, causando consequentemente a superlotação nos hospitais e mais mortes.
4. Mudança na faixa etária infectada
Adicionalmente, outro sinal é um eventual contágio mais acelerado de pessoas em grupos etários pouco atingidos pela estirpe original do coronavírusSARS–CoV-2.
Isto é, se mais crianças e adolescentes começarem a ficar infectados ou sofrerem de casos mais graves de Covid-19, tal seria um indicadorde uma variante com mutações capazes de melhorar a conexão entre a proteína spike do vírus e os receptores das células de jovens.
Pesquisas apontam que as crianças são afetadas menos gravemente pelo coronavírus por possuírem menos receptores no pulmão capazes de identificar e se conectar à proteína spike.
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