A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta terça-feira, 19, indicou que a projeção para o IPCA de 2024, no horizonte do BC para o cumprimento da meta de inflação, está em 3,5% no cenário de referência. A estimativa, que já havia sido informada no comunicado da semana passada, é levemente inferior aos 3,6% estimados no Copom anterior, em novembro, e segue acima do centro da meta de 3,0%.
Para 2025, que também tem peso nas decisões de política monetária, a projeção é de 3,2% – um pouco acima do alvo central de 3,0% para o ano -, igual à estimativa do Copom de novembro. Para 2023, a previsão do BC no cenário de referência é de 4,6%, levemente mais baixa do que a projeção do Copom anterior (4,7%), ficando abaixo do teto da meta de 4,75%, e evitando o terceiro ano consecutivo de rompimento do objetivo principal do BC.
Todas as projeções já constavam no comunicado da semana passada, quando o Copom continuou o ciclo de corte da Selic (a taxa básica de juros) com queda de 0,50 ponto porcentual, de 12,25% para 11,75% ao ano.
Em relação aos preços administrados, a ata repetiu as projeções já informadas no comunicado de 9,1% para 2023, 4,5% para 2024 e 3,6% para 2025. Em novembro, as projeções eram de 9,3%, 5,0% e 3,6%, respectivamente.
O cenário de referência pressupõe a taxa de juros variando de acordo com a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 4,90 (arredondado no documento, conforme explicação do Copom) e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Além disso, a premissa é de que o barril de petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado pelos próximos seis meses e sobe a 2% ao ano na sequência. O BC ainda considera a hipótese de bandeira tarifária “verde” na conta de luz para o fim de 2024 e de 2025.
Ritmo apropriado
No comunicado e na ata, o Copom indicou que deve manter o mesmo ritmo de corte de juros nas próximas reuniões. “Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.”
O colegiado mais uma vez não determinou a duração do ciclo de afrouxamento dos juros básicos e repetiu que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução de alguns elementos. São eles: “a evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.
O Copom repetiu que a conjuntura atual é caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador. Por isso, o colegiado pregou novamente serenidade e moderação na condução da política monetária.
“O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, reiterou o documento.
O colegiado também frisou o comprometimento com a convergência da inflação durante o ciclo. “O Comitê mantém seu firme compromisso com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e reforça que a extensão do ciclo refletirá o mandato legal do Banco Central”, pontuou o documento.