Um professor de Religião e Moral acusado de 87 crimes de abuso sexual conseguiu um cargo na Escola Básica de Rates, na cidade de Póvoa de Varzim, localizada no norte de Portugal.
Segundo a SIC Notícias, a direção do agrupamento de escolas em questão já disse que o professor não vai dar aulas, mas admitiu não ter recebido qualquer indicação nesse sentido por parte das autoridades.
Ao Notícias ao Minuto, o Ministério da Educação português confirmou que, tendo o professor sido colocado na escola, “serão adotadas as medidas adequadas para assegurar que não haverá retoma de atividades letivas por este docente”.
A tutela acrescentou ainda que “o docente – a quem foi instaurado um processo disciplinar em janeiro de 2019, sendo entretanto suspenso preventivamente – esteve na situação de impedimento por doença (baixa médica) e presentemente encontra-se em férias até outubro“.
“Não sendo legalmente possível, no âmbito do processo disciplinar que foi instaurado, determinar a prorrogação de suspensão preventiva, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação adotou as medidas consideradas adequadas para que nos anos letivos seguintes o docente em questão não estivesse em contacto direto com crianças e jovens“, lê-se na resposta por escrito da tutela.
O caso remonta a 2019, quando o diretor do Agrupamento de Escolas Camilo Castelo Branco, em Famalicão, abriu um processo disciplinar ao professor, então docente naquela escola, após serem feitas várias denúncias de abusos sexuais.
Em tribunal, o professor – que se declarou inocente – é acusado de 87 crimes de abuso sexual, envolvendo 15 alunas com idades entre 14 e 17 anos.
A leitura da sentença está marcada para 4 de outubro, ainda antes do anunciado regresso deste docente às salas de aula.
Crimes terão acontecido durante ensaios de peça de teatro
Segundo a acusação, os crimes terão sido cometidos essencialmente durante os ensaios da companhia de teatro ‘O Andaime’, que o acusado criou naquela escola e de que era encenador.
A acusação diz que os ensaios eram sempre iniciados “com uma fase de aquecimento, durante a qual as portas se mantinham fechadas, as luzes apagadas, com música tocando, e compreendiam a realização de exercícios de contracena, durante os quais os alunos fechavam os olhos e seguiam as instruções do acusado, com o objetivo de criar um estado de relaxamento e desinibição psicológica e corporal”.
Acrescenta que, aproximadamente a partir de 2014, o acusado, “por razões que se prendem com a própria satisfação sexual e aproveitando o fato de ser o único responsável pela companhia, passou a participar dos exercícios de contracena, criando uma maior intimidade e aproximação corporal com as alunas do sexo feminino, de modo a facilitar a manutenção, com as mesmas, de contatos de natureza sexual”.
O acusado, de 53 anos, teria até colocado dois cartões nos vidros das portas de entrada para minimizar a luz no interior da sala de ensaios.
Segundo o MP, o arguido “verbalizava de forma frequente às alunas que o contacto físico exigido nos exercícios de contracena era necessário para a desejada evolução como atrizes e, ainda, que tal método não seria compreendido por membros exteriores à companhia, assim as incentivando a não revelar os acontecimentos que tivessem lugar no decurso dos ensaios”.
O MP diz que o acusado se valeu “do seu cargo enquanto professor” e se aproveitou da “ingenuidade, imaturidade e falta e experiência sexual das suas alunas” para consumar os abusos.
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