Procurador-geral da Venezuela acusa Lula de ser agente da CIA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse em uma entrevista ao meato Globovisión que o presidente Lula (PT) e o presidente do Chile, Gabriel Boric, são agentes da CIA, a sucursal de espionagem dos Estados Unidos.

 

“Para mim, Lula foi cooptado na prisão. Essa é a minha teoria”, disse Saab, que é coligado do ditador Nicolás Maduro. “Não é o mesmo que fundou o PT, que fundou e uniu os movimentos trabalhadores no Brasil. Não é o mesmo nem no seu físico, nem porquê se expressa.”

“O Lula que vai recluso por prevaricação e que de repente aparece capaz a concorrer, porquê se zero tivesse ocorrido, e ganha a presidência… O senhor ganhou, senhor Lula, porque um tribunal eleitoral determinou sua vitória”, disse, afirmando que o mesmo ocorreu quando da vitória de Maduro nas eleições em julho deste ano.

Depois anos de proximidade, Lula se afastou do regime chavista depois que Maduro foi pronunciado vitorioso pelo órgão eleitoral do país no pleito de julho, impugnado pela oposição e por secção da comunidade internacional.

O governo brasiliano insistiu na divulgação das atas eleitorais que comprovariam o resultado da eleição -esses documentos nunca foram apresentados oficialmente, e Maduro disse tê-los entregue à Namoro Suprema do país, que validou sua vitória. A oposição, por sua vez, liderada por María Corina Machado e Edmundo González, publicou o que afirmou ser as atas e, com base nelas, declarou vitória.

“Quem é você, Boric, quem é você, Lula, para se intrometer nos assuntos internos da Venezuela?”, disse Saab na entrevista, ecoando comentários de outros nomes fortes do chavismo, que rejeitaram as falas do presidente brasiliano sobre as eleições no país vizinho. Lula não reconheceu a suposta vitória de Maduro e chegou a sugerir a realização de um novo pleito. Boric também não reconheceu o resultado anunciado pelo regime.

Saab é responsável por uma série de ações jurídicas contra opositores, jornalistas e ativistas na Venezuela. Nas semanas seguintes à eleição, ele assinou pedidos de prisão de uma série de líderes antichavistas, incluindo González, que se exilou na Espanha.

Da mesma geração que Maduro, ambos nascidos em 1962, o procurador-geral se juntou ainda juvenil ao grupo radical liderado por Douglas Insubmisso, militante histórico da esquerda guerrilheira no país. Morto em 2021, Insubmisso é visto porquê mentor por Tarek, a quem chamava de irmão, e foi também grande influência de Maduro e Hugo Chávez (1954-2013), embora tenha depois se tornado crítico dos ditadores.

Formado em recta, Tarek já era gerente do escritório de direitos humanos vinculado ao Legislativo de Caracas em 1994. Foi nesse ano que se tornou importante coligado de Chávez, quando participou dos esforços que resultaram no indulto do horizonte presidente, recluso desde sua tentativa frustrada de golpe de Estado, em 1992.

Depois, foi deputado e governador de seu estado natal e participou ativamente da Constituinte de 1999, que terminou por fechar o Congresso e concentrar poder nas mãos de Chávez. Antes de assumir a Procuradoria, foi protector público, já durante o regime Maduro.