SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente remoto da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, disse a apoiadores em missiva divulgada nesta quinta-feira (2) que vai “lutar até o termo” em seguida a Justiça do país autenticar um mandado de prisão contra ele.

 

Investigadores solicitaram a tomada depois que Yoon, remoto pelo Parlamento em razão de uma tentativa de autogolpe, recusou-se a prestar testemunho sobre o decreto de lei marcial que desencadeou a crise.

O CIO (Escritório de Investigação de Depravação para Autoridades de Elevado Escalão) disse que as autoridades vão prender Yoon até a próxima segunda (6), mas não está evidente se os agentes responsáveis pela segurança do presidente remoto, que já impediram o cumprimento de um mandado de procura, tentarão impedir a ação. O caso não tem precedentes e aprofunda a crise política pela qual atravessa a Coreia do Sul.

Na missiva, Yoon se dirige aos apoiadores reunidos em frente à residência solene. “Lutarei até o termo para proteger esse país junto de vocês”, escreveu ele. “Estou assistindo tudo ao vivo e vejo o trabalho duro que vocês estão fazendo.”

Em seguida a aprovação do impeachment na Parlamento Pátrio, em 14 de dezembro, o ministro das Finanças, Choi Sang-mok, assumiu o missão de presidente interino. Yoon foi remoto, mas tecnicamente ainda é o presidente sul-coreano até que o Tribunal Constitucional julgue o caso.

Ao longo da semana, manifestantes contrários a Yoon organizaram protestos nas ruas da capital, Seul, contra o presidente remoto, pedindo sua prisão.

Yoon Kab-keun, jurisperito do presidente remoto, diz que o mandado é ilícito porque o CIO não tem mando, de concordância com a Constituição sul-coreana, para solicitar a prisão. O argumento é respondido por especialistas jurídicos do país.

O jurisperito disse também nesta quinta que policiais podem ser presos pelo serviço de segurança presidencial caso tentem estagnar Yoon a mando do CIO. Segundo ele, a mando do órgão se limita ao controle de multidões e à manutenção da ordem pública.

O Tribunal Constitucional deve realizar a segunda audiência para julgar o impeachment nesta sexta (3). Se o tribunal confirmar a remoção de Yoon da Presidência, uma novidade eleição será convocada em até 60 dias.

Caso sejam declarados culpados, Yoon e vários de seus colaboradores podem ser condenados à prisão perpétua ou mesmo à pena de morte. Por ora, o presidente remoto está proibido de viajar ao exterior.

No primórdio de dezembro, o líder anunciou em oração na televisão a imposição de uma lei marcial pela primeira vez no país desde a instauração da democracia, na dez de 1980. Em seguida, ordenou o envio de soldados à Parlamento Pátrio.

Um relatório divulgado pela Promotoria do país informou que o presidente disse ao patrão do comando de Resguardo de Seul, Lee Jin-woo, que as forças militares poderiam disparar, caso necessário, para entrar no Parlamento.

“Eles [militares] ainda não entraram? O que estão fazendo? Arrombe a porta e tire-os [parlamentares] de lá, mesmo que seja atirando neles”, teria dito Yoon a Lee, de concordância com o documento.

Apesar da presença de militares, deputados da oposição conseguiram entrar no Parlamento e votar contra a lei. Em seguida várias horas de tensão, com protestos nas ruas, o presidente recuou da medida.

O caos que se instaurou no país em seguida o decreto gera preocupação quanto à firmeza da região, mormente no momento em que Donald Trump se prepara para voltar à Morada Branca. Em seu primeiro procuração, o republicano se encontrou com o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, em três ocasiões.

A relação entre as duas nações, tecnicamente em guerra desde o trégua que suspendeu a Guerra da Coreia na dez de 1950, costuma ser mira de atenção global e foi usada uma vez que justificativa para a lei marcial. Em meio a uma disputa com a oposição pelo orçamento, Yoon defendeu o decreto uma vez que uma forma de proteger o país da “prenúncio das forças comunistas da Coreia do Setentrião”.

A crise política sul-coreana se aprofundou com o impeachment de Han Duck-soo, premiê que ocupava a chefia do Executivo de forma interina, unicamente duas semanas em seguida a destituição de Yoon.

O rastilho para o novo capítulo da crise foi a recusa de Han em nomear os três juízes que preencheriam as vagas do Tribunal Constitucional necessárias para concluir o processo de destituição do predecessor. O líder interino argumentou que não havia consenso para a escolha, o que lhe rendeu acusações de “agir em prol da insurreição” iniciada por Yoon.

Han foi substituído por Choi Sang-mok, antes terceiro na traço de sucessão à Presidência.

Leia Também: FBI diz que explosão em Las Vegas não tem ligação com ataque em Nova Orleans