Portugueses voltam às ruas para celebrar Revolução dos Cravos

Impedidos de comemorar nas ruas a Revolução dos Cravos em 2020, quando estava em vigor o primeiro lockdown contra a Covid-19, os portugueses puderam, neste ano, voltar às celebrações presenciais.
Embora ainda com restrições, distanciamento e máscaras obrigatórias, o 25 de abril, que marca os 47 anos do fim da ditadura do Estado Novo, foi festejado em todo o país.

Festa nacional e feriado, a data também foi celebrada com uma sessão especial no Parlamento e um discurso do Presidente da República.
A manifestação mais emblemática, na av. da Liberdade, em Lisboa, voltou a acontecer. Ainda que os organizadores não tenham incentivado a participação presencial, muitas pessoas fizeram questão de acompanhar o tradicional cortejo.

O dia ensolarado e quente -contrariando a previsão do tempo, que antevira uma tempestade- parece ter motivado os portugueses a também desconfinarem a participação cívica.

O público na manifestação lisboeta, como de costume, foi um mix de faixas etárias, incluindo muitos idosos, estudantes, jovens trabalhadores e famílias com crianças.

Um detalhe: neste ano, estava mais difícil conseguir comprar o cravo que é símbolo da festa. Talvez por não terem botado fé no quórum do desfile, os tradicionais vendedores de flores não davam conta da demanda.

O desfile é marcado pela participação de delegações de várias cidades e associações, que costumam ostentar faixas que condenam o fascismo e exaltam a democracia. Além, é claro, de reivindicações como melhores salários e melhores cuidados de saúde.
Muitos brasileiros participaram da manifestação e houve críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em vários momentos do desfile, manifestantes entoaram o coro “Bolsonaro genocida”, em referência à gestão da pandemia no Brasil.

A REVOLUÇÃO
Em 25 de abril de 1974, um movimento de sublevação nos quartéis portugueses ganhou as ruas e levou à queda de uma das mais longas ditaduras do século 20.

Inaugurado por António Oliveira Salazar em 1933, o chamado Estado Novo durou 41 anos, período marcado por repressão, pobreza e uma sangrenta guerra colonial.

Em 1968, Salazar sofreu um acidente e ficou incapacitado para continuar no comando do país. Foi substituído por Marcello Caetano, que já ocupara vários ministérios no regime de exceção. Salazar morreria em 1970, mas o regime que criara seguia em funcionamento.
Com a adesão das tropas e da população ao movimento revolucionário, Marcello Caetano anunciou sua rendição no início da noite do próprio dia 25 de abril.

O antigo autocrata partiu para o exílio no Brasil, vivendo no Rio de Janeiro e trabalhando como professor universitário. Ele morreu em 1980, sem jamais retornar a Portugal.

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