LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) – A Covid-19 também provocou o cancelamento dos festejos de Carnaval do outro lado do Atlântico. Escolas de samba, bailes e blocos – que ganharam grande popularidade nos últimos anos graças ao aumento da imigração brasileira – não serão realizados neste ano em Portugal por conta do agravamento da pandemia.
Após um mês de janeiro com alta generalizada de novos casos e mortes, a pandemia já dá sinais de desaceleração no país. Mesmo assim, o confinamento geral -e suas restrições de deslocamento e aglomerações – devem permanecer até meados de março.
Com isso, a folia momesca também acabou vítima do SARS-CoV-2. Antes mesmo do anúncio das restrições pelo governo, vários organizadores de blocos e escolas de samba já haviam anunciado, voluntariamente, o cancelamento dos festejos.
Foi o caso da associação Blocos de Lisboa, que se antecipou às proibições oficiais.
“O Carnaval é uma expressão que valoriza a vida, o amor e o respeito ao próximo, por isso só faz sentido realizá-lo quando for seguro à população”, disse o grupo, em nota.
A entidade apela que os foliões permaneçam em casa, mas chama a atenção também para a necessidade de maiores apoios do governo português ao setor cultural.
Responsável pelo Bué Tolo, que levou mais de 2 mil pessoas para as ruas da capital portuguesa em 2020, o carioca Leonardo Mesquita diz que os blocos viviam um momento de crescimento no país, e que tem havido uma tentativa de organização para a incorporação definitiva dos desfiles entre os eventos oficiais da cidade.
“O movimento de Carnaval de rua de Lisboa só aumenta, até por conta de cada vez mais brasileiros chegarem por aqui. Antes eram 2 ou 3 blocos, hoje já são uns 11”, enumera.
“A ideia é sempre levar a alegria pra todos, com responsabilidade. Por isso, estamos criamos também uma Liga dos Blocos, para que possamos ser reconhecidos como um evento cultural e entrar no calendário oficial da cidade”, completa.
Tradicionais em vários pontos do país, as escolas de samba – inspiradas nas originais brasileiras – também não realizarão desfiles.
No caso das agremiações da região Centro, a decisão foi tomada ainda em setembro do ano passado. Com isso, as escolas de samba de Ovar, Estarreja, Torres Vedras, Figueira da Foz e Mealhada não sairão neste ano.
Para compensar a ausência, algumas agremiações estão promovendo eventos online.
No arquipélago da Madeira, que tem o Carnaval mais famoso de Portugal, o desfile das escolas de samba também foi cancelado.
Para tentar evitar aglomerações clandestinas, o governo regional determinou toque de recolher a partir das 18h durante a semana do Carnaval.
Ao contrário do Brasil, o Carnaval em terras lusas não é feriado, mas era habitual que o governo e algumas empresas dessem tolerância de ponto na terça-feira. Neste ano, porém, a regra é não facilitar.
Pela primeira vez desde que assumiu o governo, em 2015, o primeiro-ministro António Costa (Partido Socialista) não dará tolerância de ponto para os funcionários públicos na data. As escolas também deverão seguir o calendário normal de aulas, embora o ensino esteja funcionando atualmente à distância.
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