SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Antes de Karla Sofía Gascón virar pária na internet e ameaçar a campanha de “Emilia Pérez” ao Oscar, o filme já sofria por desculpa da sua outra protagonista, a cantora Selena Gomez, que há anos tenta ser levada a sério porquê atriz. A julgar por essa performance, não deu evidente.
Desde que o longa gálico estreou no mercado internacional e na Netflix americana, no final do ano pretérito, se avolumaram críticas às habilidades de Gomez, acusada de falar mal espanhol e de não obter o mesmo nível de tradução das suas colegas de cena, Zoe Saldaña e da própria Sofía Gascón, ambas indicadas ao Oscar de atriz coadjuvante e atriz, nesta ordem.
Gomez personifica tudo o que fez “Emilia Pérez” virar ludíbrio nas redes sociais. Pegou mal o traje de ela ser uma americana no meio de um filme que se vende porquê retrato do México. A artista se defende dizendo que é progénito de mexicanos e que tem contato com a cultura do país desde muchacho.
“Fiz o melhor que pude com o pouco tempo que tive”, ela escreveu nas redes sociais depois o ator mexicano Eugenio Derbez proferir que sua atuação é indefensável.
Na semana passada, Gomez publicou um vídeo às lágrimas pelos milhares de mexicanos imigrantes deportados dos Estados Unidos pelo presidente Donald Trump. “Meu povo está sendo atacado, eu não entendo. Me desculpem, eu queria poder fazer um tanto, mas não consigo”, disse. Nas redes, o vídeo foi considerado oportunista, e Gomez o apagou em seguida.
Ela também virou piada -como o resto do elenco- pelas cenas musicais consideradas constrangedoras. Num desses momentos, enxurrada de ódio, sua personagem Jessi mistura uma coreografia de dança e espasmos de raiva ao ser contrariada pela personagem-título. É uma cena propositalmente cafona e bagunçada, mas que desculpa estranhamento fora de contexto.
Não à toa, Gomez foi a única das três protagonistas ignorada pelas premiações dessa temporada. Ela foi reconhecida porquê melhor atriz no prêmio coletivo do Festival de Cannes, oferecido a ela, Saldaña, Sofía Gascón e Adriana Tranquilidade. Gomez, porém, ficou de fora do Oscar, do Mundo de Ouro e do Critics’ Choice Awards.
É consenso dos detratores de “Emilia Pérez” que ela só foi escalada por ser famosa, a mulher com mais seguidores do mundo no Instagram, e não por ser boa atriz. Com o filme indicado a 13 estatuetas do Oscar, recordista deste ano, ficou difícil evadir da vaga que ele gerou nas redes sociais, e Gomez deve ver seu saudação em Hollywood ruir.
Ela vinha traçando caminho promissor rumo ao reconhecimento na dimensão com a comédia “Only Murders in the Building”. Na série, Gomez forma um trio inesperado com Steve Martin e Martin Short, artistas renomados do humor americano. Contra as expectativas, houve química entre eles, e a produção deslanchou.
Foi durante as gravações da segunda leva de capítulos de “Only Murders” que Gomez começou a se preparar para “Emilia Pérez” -época em que ela lançava também “Revelación”, um EP com seis canções em espanhol. “Ainda farei mais um álbum, mas sabor muito de atuar e, neste momento é o que quero fazer”, ela disse à Folha de S.Paulo na ocasião.
Foi na música que Gomez ganhou projeção mundial. Não que ela seja dona de uma discografia de prestígio crítico, mas conseguiu fazer fragor o suficiente com um hit ou outro, caso de “Wolves”, com as batidas eletrônicas do DJ Marshmello, e “Calm Down”.
O disco que mudou sua curso foi “Revival”, lançado há dez anos, que mistura faixas de pop sensual a um R&B comedido. Seminua na revestimento, Gomez usou o projeto para repetir aquilo que Miley Cyrus e Demi Lovato já tinham feito -tentar romper com a imagem de boa moça que a Disney criou para ela.
Seu estrelato nasceu no Disney Channel com a série “Os Feiticeiros de Waverly Place”. A produção infantojuvenil sobre aprendizes de mago foi uma das mais vistas dos anos 2000.
Com seu jeito simpático, distante das polêmicas em que se envolviam Cyrus e Lovato, Gomez virou uma das princesas em músculos e osso que encantava adolescentes. Contava ainda o traje de ela ter começado um namoro com Justin Bieber, maior planeta pop da última dezena.
Notoriedade desde jovem, Gomez sabia porquê seguir a silabário do bom comportamento à risca e demorou a querer expor qualquer vulnerabilidade. Fez isso só no documentário “My Mind & Me”, de 2022, em que fala da luta contra sofreguidão e o lúpus.
Os problemas de saúde a fizeram interromper sua “Revival Tour”, em 2016, e desde logo ela se aposentou dos palcos. Seu último álbum, “Rare”, de cinco detrás, mal foi cantado ao vivo.
Assim, Gomez mudou de direção e criou a Rare Beauty, marca de formosura que explodiu entre a geração Z. Segundo relatório da Bloomberg, a empresa tornou Gomez bilionária no ano pretérito, aos 32 anos, uma das mulheres mais jovens a obter o feito. Mesmo detestada por tantos, Gomez é, ainda assim, um caso vasqueiro.
EMILIA PÉREZ
Quando Estreia nesta quinta (6) nos cinemas
Classificação 16 anos
Elenco Zoe Saldaña, Karla Sofía Gascón, Selena Gomez
Produção França, México, 2024
Direção Jacques Audiard
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