SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um homem negro foi morto por um policial branco em Columbus, o segundo caso em menos de três semanas nesta cidade do norte dos Estados Unidos, alimentando a indignação em um país que há meses vive um histórico movimento antirracista e contra a violência policial.
Andre Maurice Hill, 47, estava na garagem de uma casa na noite de segunda-feira (21) quando foi baleado várias vezes pelo policial Adam Coy.
As imagens da câmera acoplada à farda de Coy mostram Hill caminhando em direção a ele com um celular na mão esquerda, enquanto a outra permanece oculta. Segundos depois, o oficial atira e o civil cai. Não se ouve nenhum som que explique as circunstâncias do disparo.
O policial e seu colega esperaram vários minutos antes de se aproximar da vítima, ainda viva, que morreu mais tarde no hospital. Eles foram ao local após a polícia receber uma denúncia de que um homem estava ligando e desligando um carro por um longo período, segundo a corporação.
Coy foi suspenso. Segundo a mídia local, já havia denúncias contra ele por uso excessivo da força.
O chefe da polícia da cidade, Thomas Quinlan, anunciou na quinta-feira (24) a abertura de um processo de grave má conduta contra Coy, que já foi suspenso. Ele será ouvido na segunda-feira (28) pelo diretor de segurança pública da cidade, Ned Pettus.
“Temos um oficial que violou seu juramento de obedecer às regras e políticas da polícia de Columbus”, explicou Quinlan em um comunicado.
“As consequências desta violação são de tal gravidade que requerem ação imediata. Esta transgressão custou a vida a um homem inocente”.
O prefeito de Columbus, Andrew Ginther, disse estar indignado com a morte de Hill e muito perturbado pelo fato de nenhum dos policiais ter prestado primeiros socorros. Ele pediu a demissão imediata de Coy.
Dezenas de pessoas protestaram na tarde de quinta-feira, véspera de Natal, no bairro onde Hill foi morto para denunciar a violência policial e exigir justiça.
Hill, que estava desarmado, foi o segundo americano negro morto pela polícia em menos de três semanas em Columbus.
Casey Goodson Jr., de 23 anos, foi baleado várias vezes em 4 de dezembro enquanto voltava para casa depois de comprar sanduíches. Centenas de manifestantes protestaram pacificamente no centro da cidade uma semana após sua morte.
As autoridades federais abriram uma investigação sobre o assassinato de Goodson.
As mortes acontecem em um momento em que os Estados Unidos são marcados por protestos históricos contra a injustiça racial e a brutalidade policial desencadeados pelo assassinato de George Floyd em maio.
Floyd, também um homem negro desarmado, foi asfixiado sob o joelho de um policial branco em Minneapolis, Minnesota. Transeuntes horrorizados filmaram sua morte e o vídeo rapidamente viralizou.
“Mais uma vez os policiais veem um homem negro e concluem que ele é criminoso e perigoso”, criticou na quarta-feira (23) o advogado Ben Crump, que defende várias famílias de vítimas, incluindo a de Floyd.
Com Hill, são 96 as vítimas negras mortas nas mãos de policiais desde Floyd, afirmou o advogado, denunciando “uma trágica sucessão de ataques”
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