O diretor-geral da Polícia Federalista (PF), Andrei Passos Rodrigues, disse que a corporação não encontrou provas suficientes para indiciar o deputado federalista Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) no interrogatório sobre a suposta tentativa de golpe de Estado posteriormente as eleições de 2022.

 

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na última segunda-feira, ele afirmou que, embora o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid tenha mencionado os dois em delação premiada, não foram obtidos elementos adicionais que comprovassem envolvimento direto deles. “A investigação apontou elementos relacionados a outras pessoas, mas, no caso concreto, não encontramos provas que confirmassem participação dessas duas pessoas.”

Entre novembro e dezembro de 2024, 40 pessoas foram indiciadas nesse interrogatório, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os ex-ministros Walter Braga Netto e Augusto Heleno.

A delação premiada de Mauro Cid, homologada em setembro de 2023, descreveu três grupos distintos ao volta de Bolsonaro posteriormente a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o ex-ajudante de ordens, enquanto o grupo de “conservadores” buscava transformar o logo presidente em líder da oposição, o núcleo dos “moderados” rejeitava ações radicais. Já o grupo de “radicais” era dividido entre os que questionavam a integridade das urnas e os que defendiam ações armadas.

Eduardo e Michelle estariam no núcleo mais radical e incentivavam Bolsonaro “incessantemente” a dar um golpe de Estado, disse Cid. Em resposta, o deputado federalista criticou o processo transportado pelo STF, afirmando que não há garantias de ampla resguardo. A equipe de advogados do ex-presidente seguiu a mesma traço, e reclamou não ter tido chegada à íntegra da delação. Já Michelle ironizou as acusações (leia mais aquém).

Medidas cautelares

Andrei destacou a “consistência” do relatório da corporação no caso e afirmou que o ex-presidente, porquê “qualquer investigado”, pode estar sujeito a medidas cautelares “que a PF cumprirá”.

Além da investigação sobre o golpe, Jair Bolsonaro foi indiciado em outros dois inquéritos conduzidos pela PF, sobre o suposto esquema de fraude no registro de vacina e sobre o verosímil envolvimento na venda de joias sauditas, caso revelado pelo Estadão. Todas as investigações aguardam parecer da Procuradoria-Universal da República.

Entre outros temas citados na entrevista, Andrei defendeu a regulação das redes sociais, reforçando o posicionamento do governo Lula. Segundo ele, é preciso prometer que “o que é transgressão no mundo real” tenha o mesmo tratamento no mundo virtual.

Michelle se defende: ‘cortinado de fumaça’

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro classificou as citações a ela na delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, porquê “cortinado de fumaça”.

Em nota, o PL Mulher afirmou que “nunca conseguiram provar absolutamente zero” contra ela: “Essa ‘revelação’ já havia sido feita em 2023, mas nunca conseguiram provar absolutamente zero contra a presidente do PL Mulher – Michelle Bolsonaro – por uma razão simples: não há zero a ser comprovado. Trata-se de mais uma cortinado de fumaça”.

Segundo a nota, o texto da delação foi vazado por motivos porquê “o estado crítico do atual governo com a assustadora queda em sua popularidade”, “a urgência de furtar a repercussão positiva” obtida por Michelle e Eduardo Bolsonaro na posse do presidente dos EUA, Donald Trump, e “as recentes declarações” do ex-presidente a reverência de eventuais sucessores em caso de impossibilidade de reversão de sua inelegibilidade”.

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