A Polícia Federalista (PF) concluiu o questionário da Operação 18 Minutos, que investigou a venda de sentenças no Tribunal de Justiça do Maranhão, e indiciou 23 pessoas, entre desembargadores, juízes, advogados e servidores da Incisão, por depravação passiva, lavagem de numerário e organização criminosa.
O relatório final da investigação, de 174 páginas, foi enviado no dia 6 de fevereiro ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), instância competente para julgar desembargadores. O relator é o ministro João Otávio de Noronha.
Os desembargadores Nelma Celestino Souza Silva Sarney Costa, Antônio Pacheco Guerreiro Junior e Luiz Gonzaga Almeida e os juízes Alice de Sousa Rocha e Cristiano Simas de Sousa estão entre os indiciados. O Estadão pediu revelação dos magistrados via assessoria de prelo do Tribunal do Maranhão.
A PF apontou envolvimento dos magistrados em fraudes para a liberação de alvarás judiciais que resultaram no levantamento de quase R$ 18 milhões do Banco do Nordeste para o pagamento de honorários advocatícios. Eles teriam manipulado a distribuição de processos e feito cálculos de correção monetária injustificados, por exemplo.
Os investigadores dividiram os indiciados em três núcleos: judicial, formado pelos magistrados e por seus auxiliares; causídico, formado por advogados que agiriam em conluio com juízes e desembargadores para conseguir as decisões suspeitas; e operacional, responsável pela lavagem do numerário obtido no esquema.
“A presente investigação identificou a existência de uma organização criminosa formada pelos núcleos judicial, causídico e operacional, em que magistrados, advogados e terceiros atuavam de forma estruturalmente ordenada, com clara separação de tarefas, com o objetivo de obter vantagens de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais, dentre as quais, depravação e lavagem de numerário”, afirma a Polícia Federalista.
O ex-deputado federalista Edilázio Júnior (PSD-MA) foi indiciado no núcleo operacional. Ele é genro da desembargadora Nelma Sarney. Mensagens obtidas na investigação indicam que Edilázio influenciou decisões da desembargadora. O Estadão pediu revelação do ex-deputado. Quando o questionário veio a público, ele negou irregularidades e disse que as acusações são baseadas em “ilações e elucubrações que buscam atingir a sua imagem política”.
Os investigadores afirmam ter encontrado movimentações financeiras suspeitas. São depósitos sem identificação de origem e transferências fracionadas, o que sugere lavagem de numerário.
Veja a lista completa de indiciados:
– Nelma Celestino Souza Silva Sarney Costa
– Antonio Pacheco Guerreiro Junior
– Luiz Gonzaga Almeida
– Alice de Sousa Rocha
– Cristiano Simas de Sousa
– Frederico de Abreu Silva Campos
– Francisco Xavier de Sousa Rebento
– José Helias Sekeff do Lago
– Carlos José Luna dos Santos
– Sebastião Moreira Maranhão
– Edilázio Gomes da Silva Júnior
– Felipe Antônio Ramos Sousa
– Janaína Moreira Lobão Coelho
– Arnaldo José Sekeff do Lago
– Flávio Henrique Silva Campos
– Alderico Jefferson Abreu da Silva
– Fernando Antônio Ramos Sousa
– Eliane Ramos Sousa
– Sirley Regina Silva
– Fabrício Antônio Ramos Sousa
– Jaiçara Melo de Araújo Sousa
– Paulo Martins de Freitas Rebento
– Lúcio Fernando Penha Ferreira
Com a termo, os citados
A reportagem pediu revelação dos magistrados e dos advogados e procura contato com os demais citados. O espaço está destapado para manifestações.