RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Petrobras informou nesta segunda (8) que o fundo Mubadala fez a melhor oferta na concorrência para a venda de sua refinaria na Bahia, a segunda maior do país. O fundo, dos Emirados Árabes Unidos, ofereceu US$ 1,65 bilhão (cerca de R$ 8,8 bilhões, pela cotação atual).
Segundo a Petrobras, a conclusão da venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), localizada em São Francisco do Conde, depende ainda de aprovação de órgãos competentes.
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Se confirmada, será a primeira operação de venda de refinaria da estatal, desde que a empresa abriu processo para buscar interessados por oito das suas 13 refinarias, em 2019, sob o argumento de que precisa focar seus esforços na exploração do pré-sal.
Outro processo que estava adiantado, referente à Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, foi suspenso, sob o argumento de que as propostas apresentadas ficaram abaixo da avaliação feita pela estatal. Uma nova concorrência será aberta.
Primeira refinaria de petróleo no país, a Rlam tem capacidade para processar 323 mil barris de petróleo por dia, que são transformados em 31 produtos. Além de gasolina, diesel, gás de cozinha e lubrificantes, é a única produtora nacional de “food grade”, uma parafina de teor alimentício utilizada para fabricação de chocolates, chicletes, entre outros.
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É responsável pelo abastecimento de parte da região Nordeste do país. Se a venda for aprovada, o fundo Mubadala ficará com a refinaria e as instalações logísticas a ela dedicadas, como um terminal de recebimento de petróleo e dutos de movimentação de óleo e combustíveis.
A FUP (Federação Única dos Petroleiros) afirmou que a oferta do fundo está abaixo do valor real da unidade, que ficaria entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões (R$ 16 bilhões a R$ 21 bilhões), segundo estudo do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), ligado à federação.
A projeção, disse o Ineep em nota, se baseia no valor presente dos fluxos de caixa, descontadas a taxa que reflete o risco do negócio, das despesas de capital (investimento em capital fixo) e necessidade adicionais de giro.
“A Rlam tem um potencial importante de geração de caixa futura que, a depender das premissas utilizadas, pode estar sendo subvalorizada nesse momento de venda”, afirma o coordenador técnico do Ineep Rodrigo Leão.
A FUP ressalta ainda que a refinaria baiana é a maior produtora brasileira de óleo combustível, produto que ajudou a minimizar os impactos da pandemia sobre o caixa da Petrobras, diante do crescimento da demanda global por combustível de navegação com menor teor de enxofre, como o produzido no Brasil.
A Rlam é responsável por cerca de um terço da produção nacional de óleo combustível, diz a federação dos petroleiros. No fim de 2020, o produto era vendido a preço maior do que o cobrado pelo óleo diesel nas refinarias da estatal.
“A gestão da Petrobrás vai entregando ativos lucrativos e importantes para o resultado da empresa. Com a venda de tantos ativos que dão lucro, o que será da Petrobrás?”, reclama o coordenador geral da entidade, Deyvid Bacelar.
A venda das refinarias é respaldada por termo de compromisso assinado com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em 2019, se comprometendo a reduzir sua presença no segmento de refino em troca de suspensão de investigações de condutas anticompetitivas.
O governo defende ainda que a competição com empresas privadas ajuda a blindar a Petrobras contra interferências em sua política de preços dos combustíveis e pode ajudar a baixar os preços da gasolina e do diesel no país.
Para críticos do processo de venda de ativos da Petrobras, porém, a transferência do controle da unidade representará apenas a troca de um monopólio estatal por um privado, já que a distância para outras unidades de refino no país seria um limitador para a competição.
Em seu plano de negócios, a Petrobras prevê ficar só com as três refinarias de São Paulo e com a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio, concentrando sua atividade de venda de combustíveis nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
No comunicado divulgado nesta segunda, a empresa diz que os processos competitivos para venda de unidades de refino e produção de lubrificantes no Amazonas, em Pernambuco, em Minas Gerais, no Ceará e no Paraná “continuam em andamento visando a assinatura dos contratos de compra e venda”.
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