Pesquisa Datafolha: o sexo virtual afeta o sexo real?

A pandemia mudou certos comportamentos devido às restrições de distanciamento social, especialmente na vida dos solteiros. Uma dessas mudanças foi relacionada ao sexo. Se antes o sexting já era algo comum, na pandemia esta prática se intensificou ainda mais. De acordo com uma pesquisa recente do Datafolha, encomendada pela Omens, plataforma de intermediação de saúde dedicada ao homem, em parceria com o happn, um dos aplicativos de paquera mais baixados no mundo, 44% dos brasileiros veem o sexo virtual como algo comum em sua vida sexual.
 

Ainda dentro deste recorte, 26% o faz apenas com o parceiro fixo, em que estão em um relacionamento sério. O índice de entrevistados que avaliam que o sexting é algo comum é mais alto entre os homens (48%) do que entre as mulheres (40%) e entre os homossexuais (69%).

Relações Reais vs. Virtuais

Muito se discute sobre a influência do sexo virtual na vida real. Para 50% dos brasileiros ouvidos pela pesquisa, o sexo virtual impacta, sim, na vida sexual real, de forma positiva ou negativa. 29% disseram que sexting ou outra forma de sexo virtual acaba impactando negativamente na relação, por gerar uma falta de interesse na prática real. Outros 21% acreditam que o sexo virtual afeta a vida sexual real de forma positiva, pois pode funcionar como um catalisador na excitação e no interesse pela outra pessoa. 34% avaliou que o sexo virtual não impacta na vida sexual real e 15% não opinaram sobre o assunto.
 

“A influência da virtualidade na vida das pessoas é realidade concreta. Com isso, o virtual compõe a sexualidade, abrindo possibilidades de explorar o prazer sexual de novas formas. Nesse sentido, os efeitos, positivos ou negativos, do sexting irão depender do uso, ético ou não, que se faz deste recurso”, avalia Francis Kich, psicólogo especialista em sexualidade da Omens.
 

Francis também aponta possíveis sinais de efeitos negativos do sexting: “Um sinal de alarme é a substituição total das práticas sexuais presenciais pelas virtuais. Inibições, vergonhas, ansiedades e baixa autoestima são alguns dos muitos motivos que podem fazer com que algumas pessoas se utilizem das redes sociais para não entrar em contato pessoal. Nesse sentido, o uso do sexting, embora tenha muitos pontos positivos, pode tornar-se nocivo quando for a única forma de vivenciar a sexualidade. Prejuízos sociais, como perder compromissos ou comprometer áreas importantes da vida, assim como entrar em um processo cíclico que gera sofrimento, também podem ser sinais de que essas práticas estão sendo nocivas”.

Afinal, o sexting/sexo virtual já é rotina entre os brasileiros?

De acordo com a pesquisa, não exatamente. Apesar de 44% dos entrevistados considerarem o sexo virtual como algo normal, 39% ainda avaliam o sexting como algo incomum em suas vidas sexuais. Destes, 30% não têm interesse em fazê-lo.

Kich aponta cuidados na prática do sexting: “Existem riscos relacionados à violação de privacidade, como vazamento/compartilhamento proposital de nudes. Podemos seguir princípios de segurança, consensualidade e de saúde. Segurança em relação à parceria sexual a que se destinam estes conteúdos, como namorada/o/e ou companheira/o/e de confiança. Não mostrar partes do corpo (rosto, tatuagem, piercing) que possam ser identificadas. O consenso tem a ver com a vontade e receptividade da pessoa destinatária em receber. Aqui, vale se perguntar: ela/e gostaria/quer receber o meu conteúdo sexual? Se não, não insista, pois o que era uma brincadeira em que ambos estavam gostando pode se transformar em uma coisa chata e muitas vezes doentia, beirando o assédio”.

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