O Wagner Yamuto, 43 anos, é CEO do Matraquinha, aplicativo de comunicação alternativa para ajudar crianças e adolescentes com autismo. O projeto foi idealizado em família, junto com sua esposa, Grazyelle, seu irmão, Adriano, e inspirado pelo filho, Gabriel.
O Wagner nasceu em São Paulo e conheceu a Grazy em uma sala de bate-papo na internet, em 1998. O casamento veio 4 anos depois, em 2002. O casal sempre sonhou em ter filhos e, para viver este sonho, eles adotaram o Gabriel, 12 anos, e a Thata, 3.
A adoção do Gabriel aconteceu em 2010 e a da Thata em 2018, época em que os dois tinham apenas 10 meses de vida. O desenvolvimento do Gabriel estava de acordo com o esperado para sua idade, exceto pelo fato do garotinho não falar nenhuma palavra.
Depois de meses de investigação, exames e consultas médicas, o diagnóstico chegou: autismo. As terapias com a Dr. Paloma Moreno, fonoaudióloga, começaram e ela apresentou ao Gabriel seu fichário de comunicação.
Gabriel, Wagner, Thata e Grazy. Foto: arquivo pessoal
Mas que é um fichário de comunicação?
“Esse fichário é um sistema de armazenamento de figuras para pessoas com autismo. Nele, existem ilustrações de objetos, alimentos e ações que deram a oportunidade do meu filho de se se comunicar com o mundo a sua volta“, explicou Wagner.
Por exemplo: se a família estiver em uma lanchonete e a figura do suco não estiver no fichário, o Gabriel não consegue dizer o que quer e fica extremamente frustrado, resultando em crises de choro, gritos e desorganização sensorial.
Porém, apesar de eficiente, o fichário começou a crescer e algumas figuras se perderam entre as páginas. Nesse momento, Wagner decidiu criar “alguma coisa” para ajudar o filho e outras pessoas com autismo a não se frustrarem com as dificuldades de comunicação.
Primeiro, ele tentou criar um site, mas a dependência do tablet ou celular estar conectado na internet inviabilizava qualquer chance de tirar o projeto do papel. E foi em uma conversa com seu irmão, Adriano, que a grande ideia começou a nascer.
O Adriano é analista de sistemas e, durante um almoço em família, comentou que estava realizando estudos para a criação de aplicativos. Imediatamente, Wagner percebeu que aquilo seria uma boa ideia para substituir o site que havia pensado da última vez.
Adeus, fichário querido! 👋
Foto: arquivo pessoal
Olá, melhor app do mundo! 😍
Foto: arquivo pessoal
E foi assim que tudo começou! A Grazy, que é administradora e educadora parental, também aceitou o desafio logo de cara e começou os estudos de funcionalidades e usabilidade do aplicativo.
Ôoooooo, o Matraquinha chegou!
“Foi por causa de situações como esta que decidimos criar o app. O Matraquinha pode estar no bolso da família inteira e nenhuma figura será perdida. Assim, damos oportunidade destas crianças e adolescentes terem mais autonomia e independência”, conta Wagner.
Hoje, o aplicativo está disponível no Google Play e na Apple Store, e conta com a direção desses três incríveis empresários: Adriano Yamuto, COO, Grazyelle Yamuto, CFO, e o grande Wagner Yamuto, CEO.
Com ele, jovens com autismo conseguem transmitir seus desejos, emoções e necessidades através dos celulares. A comunicação é feita por meio de figuras que, ao serem tocadas, fazem com que uma voz reproduza o que a criança deseja falar.
O Gabriel já tá craque! Até batata frita ele pede com o app! 😋🍟
Um projeto criado por uma família e pensado em outras famílias. Quem convive com crianças ou adolescentes com autismo, terá uma nova oportunidade de vê-los superando suas dificuldades de comunicação.
Em conversa com Wagner, ele contou a história de uma garotinha com paralisia cerebral que, graças ao Matraquinha, pediu para fazer xixi pela 1ª vez. Antes, a mãe tinha que levá-la de 30 em 30 minutos ao banheiro, pois ela não conseguia se comunicar de outra forma.
Além disso, ele contou a história de outra garotinha que falou a frase “eu quero beber água” e também da mãe que se encantou quando descobriu que o filho ama pipoca, tudo graças ao incentivo do aplicativo.
Wagner Yamuto, fundador e CEO do app Matraquinha – Foto: arquivo pessoal
“Usamos a tecnologia a favor da inclusão para que essas crianças possam dar todo seu potencial. É necessário dar suporte, seja com acessibilidade, adaptação de materiais e o principal: respeito para que eles possam viver com dignidade.”
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