BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Depois os cortes do governo de Donald Trump suspenderem as atividades da OIM, a dependência da ONU para migrantes, a organização retomou parcialmente suas atividades no Brasil nesta semana, para o conforto de grupos humanitários e do próprio governo federalista.

 

A reportagem apurou que isso somente foi provável graças a um remanejamento de verba dentro da própria ONU, com deslocamento de fundos do Unicef, a dependência das Nações Unidas para puerícia, e também por doações recebidas da iniciativa privada.

A OIM voltou a atuar no ponto mais sensível de suas atividades no país, a Operação Acolhida, montada em Roraima para apoiar os imigrantes da Venezuela que chegam todos os dias. A dependência retomou as ações nos abrigos, na documentação e regularização migratória e na ajuda do processo de interiorização dos imigrantes.

“Estamos mantendo todos os esforços possíveis para seguir com a nossa missão de proteger as pessoas em movimento e promover uma transmigração humanizada, ordenada e digna que beneficie os migrantes e a sociedade de acolhida”, disse a OIM em enviado ao governo Lula (PT) lido pela reportagem.

Brasília estava principalmente preocupada devido ao processo de documentação dos imigrantes que chegam à cidade de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. A OIM era ponto médio nessa atividade, que agora será retomada. O governo vinha deslocando pessoas para resguardar o espaço deixado pela organização.

Sob a novidade gestão da Vivenda Branca, fundos de assistência humanitária que saem do Escritório de Refugiados e Imigrantes, sabido porquê PRM, e da Filial para o Desenvolvimento Internacional, a Usaid, foram suspensos por 90 dias para passar por revisão.

Isso impactou a OIM, que no Brasil tinham em torno de 60% de sua verba dependente desses programas. No caso das ações na Operação Acolhida, integralmente dependentes.

Muitos outros projetos que atuam com imigrantes no Brasil, em espeque ao governo, porém, seguem sem operar pela moratória estabelecida por Washington, de modo que o clima de preocupação se mantém.

Ainda assim, na semana passada o superintendente da diplomacia americana, Marco Rubio, aprovou uma exceção para voltar a enviar verba para alguns programas de “assistência humanitária vital” que “salvam vidas e deveriam retomar seus trabalhos caso tivessem parado”.

A medida também dizia saudação à OIM, mas não no Brasil, onde a organização teve de ir detrás de outros caminhos possíveis para voltar a trabalhar. Com o pregão de Rubio, a organização pôde retomar seus projetos de ajuda para que imigrantes voluntariamente retornem para seus países de origem em nações porquê México, Guatemala, Honduras e Panamá.

Os três primeiros são algumas das principais origens de migrantes rumo aos EUA. O último, por sua vez, é onde está a perigosa selva de Darién, que imigrantes cruzam em seu caminho por terreno até o chamado sonho americano. Também no Panamá há uma política potente de deportação de pessoas em situação irregular.

Uma média de mais de 400 imigrantes venezuelanos chegam por dia a Pacaraima, a cidade brasileira da fronteira com o país vizinho, para se estabelecerem no país.