Obesidade pode cegar idosos, diz pesquisa

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que o Brasil tem 61,7% da população com 18 anos ou mais acima do peso. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier de Campinas, esta parcela da população tem mais risco de perder a visão conforme envelhece. É o que elucida uma recente pesquisa publicado na Science. Os pesquisadores afirmam que a dieta rica em gordura desregula o sistema imunológico dos olhos.  Por isso, mesmo após alteração na dieta e perda de peso, aumenta a chance de desenvolver degeneração macular relacionada à idade (DMRI), uma das maiores causas globais de cegueira definitiva. A doença afeta a porção central da retina responsável pela visão de detalhes e atinge 196 milhões de pessoas no mundo.

Queiroz Neto explica que a DMRI é uma doença neuro inflamatória e pode ser de dois tipos:

Seca caracterizada pela formação na retina de drusas ou depósitos de gordura que levam à morte das células.
Úmida caracterizada pela formação de neovasos na retina que podem vasar um líquido ou sangue na retina que torna a visão nebulosa.

“Outros fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da degeneração macular são o hábito de fumar, exposição dos olhos ao sol sem proteção e hipertensão arterial”, pontua.

Outros riscos

O oftalmologista afirma que a OMS (Organização Mundial da Saúde) estabelece o sobrepeso entre 25 e 29,9 de IMS (Índice de Massa Corpórea) que corresponde à divisão do peso pela altura ao quadrado. Já a obesidade equivale a 30 ou mais de IMS. “Quando estamos acima do peso também temos dificuldade de combater os radicais livres que fazem parte do processo de envelhecimento. Por isso, temos mais chance de desenvolver catarata. A doença torna o cristalino do olho opaco, é a maior causa de perda da visão tratável e tem como único tratamento a cirurgia. Consiste no implante de uma lente intraocular que substitui o cristalino opaco.

Queiroz Neto afirma que quanto mais ganhamos peso, maior é o risco de contrair diabetes tipo 2, uma resistência das células à insulina produzida pelo pâncreas que faz a glicemia acumular na corrente sanguínea. Para se ter ideia, o IMC acima de 30 aumenta em 10 vezes a chance de contrair diabetes tipo 2. Já o risco entre pessoas com IMC superior a 35 é 80 vezes maior. O oftalmologista diz que após 10 anos de convivência com o diabetes a maioria das pessoas desenvolve retinopatia diabética. A doença explica,  é caracterizada pela formação de neovasos que dificultam a nutrição da retina. A boa notícia a destruição precoce destes neovasos com aplicação de laser e o acompanhamento médico com aplicação de injeção que controla a formação desses vasos permite manter a visão em 90% dos casos.

Prevenção

O oftalmologista alerta que muitas doenças oculares surgem depois dos 40 anos e podem passar despercebida nos estágios iniciais. Por isso, a recomendação é consultar um oftalmologista a cada 2 anos até os 59 anos e anualmente a partir dos 60 anos. “É muito comum pacientes descobrirem que têm diabetes ou hipertensão arterial durante o exame de fundo do olho que faz o mapeamento da retina  e o diagnóstico de alterações nos vasos da retina. Independente do peso, os exames periódicos são indicados para todos”, conclui.

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