Número de casos de meningite em São Paulo aumenta 23%

(FOLHAPRESS) – Nos seis primeiros meses deste ano, o estado de São Paulo registrou 2.303 casos de meningite, um aumento de 23% em relação ao mesmo período do ano passado, quando houve 1.869 confirmações da doença. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde.

Além da capital, São Bernardo do Campo e Santo André (ABC), Campinas (interior) e Guarulhos (Grande São Paulo) são os municípios com mais casos da doença, segundo a pasta.

Em relação ao número de mortes, houve queda de 32,60%. Foram 155 no primeiro semestre deste ano contra 230 no mesmo período do ano passado. São Paulo, Guarujá, Guarulhos, Osasco, Ribeirão Preto e Santo André contabilizam mais óbitos.

Em todo o ano de 2022, o estado de São Paulo teve 5.131 ocorrências e 450 mortes por meningite.

Na capital paulista, de janeiro a junho deste ano, houve 1.060 casos e 79 mortes por meningite. Destes, 73 casos e 15 óbitos foram registrados para doença meningocócica, apresentação mais grave.

O QUE É MENINGITE?

É a inflamação das meninges (membranas que envolvem o cérebro, protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central).

QUAIS SÃO OS SINTOMAS?

Febre alta, dor de cabeça forte, manchas no corpo, vômito em jato (não acompanhado de náuseas), prostração, rigidez e dor na nuca, além de manifestações neurológicas, como confusão mental e convulsão. A febre alta e a dor de cabeça já são motivos suficientes para que a pessoa procure um médico. O diagnóstico precoce pode evitar complicações e morte pela doença.

Pais de bebês devem ficar atentos a irritação, falta de apetite, de resposta a estímulos, a moleira protuberante e reflexos anormais.

HÁ QUANTOS TIPOS DE MENINGITE?

As mais conhecidas são as virais e bacterianas. Também é possível ter meningite causada por fungos, medicamentos e doenças autoimunes. A letalidade está ligada às bacterianas. As meningites virais, geralmente, são benignas.

COMO A MENINGITE É TRANSMITIDA?

A transmissão é por via aérea, de pessoa para pessoa, por meio de gotículas, secreções do nariz e da garganta. Também pode ocorrer via fecal-oral, por meio da ingestão de água e alimentos contaminados, e contato com fezes.

EM QUE FAIXA ETÁRIA A DOENÇA É MAIS COMUM?

Geralmente, acomete crianças menores de cinco anos, mas qualquer pessoa pode desenvolver meningite.

O QUE ACONTECE QUANDO HÁ CONTATO COM DOENTES OU CASOS SUSPEITOS?

É importante esclarecer que a meningite é uma doença de notificação compulsória. Os serviços de saúde públicos e privados são obrigados a comunicarem os casos à vigilância epidemiológica em até 24 horas. As equipes deverão ir até os locais de moradia, estudo ou trabalho do doente e fazer a profilaxia com antibiótico nas pessoas que tiveram contato direto com o infectado.

A medida é preventiva. O meningococo pode se alojar na garganta, invadir o organismo e causar o adoecimento.

O SUS DISPONIBILIZA VACINA CONTRA A DOENÇA?

Sim, as vacinas meningocócica C -para bebês de 3, 5 e 12 meses- e ACWY -indicada à faixa de 11 a 14 anos.

As vacinas pneumocócica 10-valente (conjugada) e pentavalente também oferecem proteção contra meningite, entre outras doenças.

Desde 25 de maio, trabalhadores da educação das redes pública e privada e adolescentes de 15 a 19 anos podem receber a vacina de meningocócica C nas UBS (Unidades Básicas de Saúde) da capital. No primeiro caso, basta apresentar o crachá ou o holerite. A campanha se estenderá até o dia 31 de julho ou o fim dos estoques nos postos de saúde.

Na capital paulista, a cobertura vacinal do imunizante meningo C é de 82,65% -a meta é 95%. Em relação a ACWY, 58,70% do público-alvo foi imunizado. O ideal é chegar a 80%.
Na cidade de São Paulo, as vacinas estão disponíveis nas UBS e AMAs (Assistências Médicas Ambulatoriais)/UBS Integradas de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Aos sábados, os pacientes deverão procurar as AMAs/UBS Integradas, no mesmo horário.

Fontes: Giovanna Sapienza, médica infectologista do Hospital São Luís (unidade Jabaquara), do Incor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e do Centro de Prevenção e Vacinação Meniá; Paulo Abrão, vice-presidente da Sociedade Paulista de Infectologia e professor-adjunto da disciplina de infectologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).