Novo líder da Síria põe imagem de moderado em xeque ao pedir para mulher se cobrir em foto

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O novo líder da Síria, Ahmed al-Sharaa, levantou novas dúvidas a saudação de suas promessas de moderação ao pedir para uma mulher tapulhar os cabelos para tirar uma foto com ele durante uma visitante a um província de Damasco, na terça-feira passada (10).

 

No vídeo, que circula nas redes sociais desde portanto, Sharaa gesticula com as mãos ao volta do rosto quando uma jovem com os cabelos à mostra se aproxima para pedir uma retrato. Ela, portanto, puxa o capuz antes de posar ao lado do líder sírio.

De tratado com a BBC News, a mulher, Lea Kheirallah, não se importou com a situação. Ela afirmou que o líder fez o pedido de “maneira gentil e paternal” e que ele tem “o recta de ser apresentado da maneira que descobrir melhor”.

Sharaa também defendeu sua atitude. “Eu não a forcei, mas é minha liberdade pessoal. Eu quero fotos tiradas para mim da maneira que me convém”, disse, em uma entrevista à emissora britânica. “Isso não é o mesmo que ter uma lei que se aplique em todo o país. Mas há uma cultura neste país que a lei precisa reconhecer.”

Sua enunciação é uma referência indireta aos temores de que, no poder, Sharaa implemente a lei islâmica, também chamada de sharia. Esse conjunto de regras normalmente exige que, em público, os homens se cubram da ventre até o joelho e as mulheres se cubram completamente, podendo deixar somente o rosto, os pés e as mãos à mostra.

Se elaborada em sua versão mais radical, a lei islâmica pode simbolizar um enorme retrocesso a minorias. O Afeganistão, por exemplo, vive um “apartheid de gênero”, de tratado com a ONU, depois a volta do Talibã ao poder, em 2021.

O comportamento do grupo fundamentalista islâmico vem sendo mencionado por analistas que falam sobre a vitória dos rebeldes na Síria. Isso porque, quando tomou Cabul, depois a retirada das tropas americanas do país, o Talibã disse que respeitaria os direitos das mulheres “dentro do marco da lei islâmica”. Na prática, isso significou proibi-las de falar cimo e mostrar o rosto em público, por exemplo.

Assim uma vez que ocorreu com o grupo afegão, há suspicácia em relação às promessas de Sharaa –agora, alimentada pelos vídeos da foto com Lea compartilhados na internet e por declarações ambivalentes do líder.
Antes de formar a HTS (Organização para a Libertação do Levante), em 2017, Sharaa, que antes se identificava uma vez que Abu Mohammed al-Jolani, já havia comandado um grupo ligado ao Estado Islâmico e à Al Qaeda, aos quais atualmente se opõe.

Quando, depois duas semanas de ofensiva, derrotou o ditador Bashar al-Assad, o líder afirmou a centenas de apoiadores que se aglomeravam em uma mesquita de Damasco que, com trabalho duro, a Síria seria “um farol para a país islâmica”.

Em Idlib, cidade no noroeste da Síria e bastião das forças rebeldes durante os quase 14 anos de guerra social, a HTS chegou a impor regras rígidas de vestimenta ao assumir o poder, no ano de sua instauração. Posteriormente, no entanto, recuou.

Jolani tem tentado se distanciar das acusações. No início de dezembro, o agora director de Estado da Síria afirmou à emissora americana CNN que quem teme um governo islâmico “viu implementações incorretas dele ou não o entende corretamente”.

Na mesma entrevista, ele prometeu saudação às instituições e à variação religiosa do país. “Houve algumas violações contra [minorias] por certos indivíduos durante períodos de caos, mas resolvemos essas questões”, disse. “Ninguém tem o recta de extinguir outro grupo.”