MARINA COSTA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou em entrevista à Fox News no sábado (8) que as tropas israelenses, não as americanas, conduzirão a proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar os palestinos da Fita de Gaza. O republicano propôs o deslocamento forçado na última terça-feira (4), em entrevista coletiva em Washington, ao lado do premiê israelense.
“Sabe o que eu digo? Nós faremos o trabalho.” Netanyahu defendeu a proposta de Trump porquê “a primeira teoria novidade em anos” e disse que a ação “tem o potencial de mudar tudo em Gaza”. “O que ele está dizendo é: quero furar a porta e dar-lhes a opção de se realocar temporariamente enquanto reconstruímos o lugar fisicamente.”
Segundo o primeiro-ministro, a exigência para que os palestinos realocados pudessem retornar ao território em seguida a mediação seria a de “rejeitar o terrorismo”.
Tel Aviv tomou a Fita de Gaza em 1967 e manteve uma presença militar no território até 2005, quando retirou seus colonos e tropas. Israel e grupos armados em Gaza travaram vários conflitos nos últimos anos, mas o último, iniciado em seguida o ataque da organização terrorista Hamas em 7 de outubro de 2023, foi o mais mortal e destrutivo.
Para os palestinos, a tentativa de obrigá-los a trespassar de Gaza evoca o traumatismo da Nakba (termo em sarraceno para catástrofe), porquê é chamada a expulsão de centenas de milhares de pessoas de suas casas durante a guerra que criou o Estado de Israel, em 1948.
Neste domingo (9), o Hamas anunciou que as tropas israelenses deixaram o galeria Netzarim –filete de terreno de 6,4 km que divide as porções setentrião e sul de Gaza, ocupada desde os primeiros meses da guerra– liberando o retorno dos palestinos deslocados ao setentrião do território. A saída dos combatentes faz segmento do convénio de cessar-fogo que entrou em vigor no dia 19 de janeiro.
“As forças israelenses desmontaram suas posições e postos militares e retiraram completamente seus tanques do galeria Netzarim na estrada Salahadin, permitindo que os veículos passem livremente em ambas as direções”, disse um membro do Ministério do Interno da Fita de Gaza, sob controle do grupo terrorista.
O setentrião de Gaza foi transformado em ruínas em seguida as ofensivas de Israel. Depois de encontrar os escombros dos locais em que viviam, alguns palestinos voltaram para o sul, enquanto outros montaram tendas onde suas casas ficavam.
Multidões de pessoas foram vistas atravessando o galeria neste domingo, e uma longa fileira de carros se formava para esperar a passagem. A força policial administrada pelo Hamas foi enviada à extensão para gerenciar o fluxo de travessia.
Na quinta-feira (6), o governo de Israel determinou que o Tropa prepare um projecto de “saída voluntária” da população palestina, medida que foi celebrada por líderes da extrema direita do país. “Dei instruções para preparar um projecto que permita a saída de qualquer residente de Gaza que deseje, para qualquer país que queira aceitá-los”, disse o Israel Katz, ministro da Resguardo.
No mesmo dia, em entrevista à emissora Channel 14, Netanyahu sugeriu o estabelecimento de um estado palestino dentro da Arábia Saudita. A fala foi condenada pelo Ministério das Relações Exteriores do Procurar, país mediador das negociações de cessar-fogo entre Israel e Hamas.
Para especialistas ouvidos pela dependência de notícias AFP, a proposta de desalojar a população palestina dificulta o reconhecimento de Israel pela Arábia Saudita. Se ocorresse, o reconhecimento seria considerado um grande feito na diplomacia do Oriente Médio e poderia acalmar as tensões regionais.
Ao propor que Gaza fosse esvaziada, Trump também afirmou que o Egito e a Jordânia poderiam receber os palestinos, teoria rejeitada por ambos. A acolhida de refugiados pelos dois países poderia fomentar instabilidade nas fronteiras e na segurança sauditas, afirma o pesquisador Aziz Alghashian.
A proposta de Trump e o pedestal de Netanyahu, avalia Alghashian, “mostram que eles não são verdadeiros parceiros para a sossego aos olhos de Riad”, sobretudo o líder israelense, que “quer todos os benefícios sem fazer nenhuma licença”.
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