O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou nesta quinta-feira, 17, que não propôs acabar com o parcelamento sem juros do cartão de crédito, mas sim criar “desincentivos” para o crescimento da modalidade mais longa. Ele afirmou não ter visto o projeto final do Congresso sobre o tema.
“Não tem solução tomada sobre parcelado sem juros. A solução sobre rotativo e parcelado sem juros provavelmente será tomada pelo CMN [Conselho Monetário Nacional], e o BC é apenas um voto. Precisamos ter uma solução que equilibre, porque não pode ter inadimplência tão grande em cartões que leve à reversão do produto”, afirmou o presidente do Banco Central, em entrevista ao portal Poder 360.
Campos Neto repetiu que a massa de operações no cartão de crédito no parcelado sem juros é três vezes maior que as vendas com juros. “Aliado a isso, outro problema foi o crescimento rápido da emissão de cartões, que passou de 100 milhões para 220 milhões. Com mais cartões no parcelamento sem juros, a inadimplência ficou muito grande”, repetiu.
Segundo ele, mesmo com a Selic parada, o juro do rotativo do cartão de crédito subiu quase 70%. “Novos entrantes do mundo de cartões, principalmente no varejo, emitiram muito de cartões”, acrescentou.
O presidente do BC disse que está trabalhando com o governo em busca de soluções técnicas que sejam viáveis de serem aprovadas no Congresso. “Ninguém quer criar solução que crie ruptura e prejudique o consumo e gere impacto para as pessoas. A solução vai passar por aspecto técnico e aspecto político”, concluiu.