BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A comitiva liderada pelo ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) a Israel não poderá circular pelo país e estará restrita a um hotel e aos compromissos oficiais.
A missão parte neste sábado (6), com retorno previsto para quarta-feira (10). O objetivo é visitar uma instituição israelense que está desenvolvendo um spray para o tratamento da Covid-19.
Os protocolos de segurança sanitária foram estabelecidos pelo governo israelense, que está empreendendo o mais avançado programa de vacinação no mundo para conter a disseminação do coronavírus.
De acordo com interlocutores, a missão brasileira terá entre 8 e 10 pessoas.
Na terça-feira (2), o presidente Jair Bolsonaro disse que o medicamento israelense “parece um produto milagroso”.
A principal agenda do grupo será uma visita ao centro médico Ichilov, que realiza os estudos com o spray EXO-CD24.
A droga está sendo testada para Covid-19 com 30 voluntários e, por enquanto, não há resultados publicados em artigo científico da fase 1, que ainda está sendo realizada.
O instituto quer assinar um acordo com o Brasil para poder realizar as fases dois e três dos testes do medicamento no país.
O centro médico em Tel Aviv está interessado ainda em cofinanciamento do Brasil para o medicamento.
Além de Araújo, devem fazer parte da comitiva representantes do ministério da Saúde e da pasta da Ciência, Tecnologia e Inovações, além do Itamaraty.
Também está prevista a participação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República, e do assessor especial para assuntos internacionais do Planalto, Filipe Martins.
Além do instituto, as autoridades brasileira devem visitar dois outros centros de pesquisa em Israel. Uma delas também está tentando desenvolver um tratamento contra o coronavírus, a partir de um remédio utilizado contra alguns tipos de câncer. A terceira instituição atua em pesquisas de vacina contra a Covid-19.
Deve ainda manter encontros com membros do governo do país, entre eles o chanceler Gabi Ashkenaz. Araújo também tenta confirmar uma audiência com o premiê Binyamin Netanyahu.
Para autorizar a viagem, o governo de Israel exigiu um protocolo sanitário que envolve testes PCR para todos os membros da comitiva brasileira antes da decolagem.
Também ficou estabelecido que Araújo e os demais integrantes da missão não poderão deixar o hotel a não ser para os compromissos oficiais pré-estabelecidos.
As precauções são comuns nas visitas oficiais durante a pandemia, mas geram apreensão ainda maior no caso da comitiva do governo Bolsonaro uma vez que a variante brasileira do vírus é tratada como preocupação internacional.
Nos últimos dias, jornais do Reino Unido noticiaram que autoridades do país estavam tentando rastrear um viajante que chegou do Brasil com a variante conhecida como P.1.
Israel está na vanguarda internacional no combate ao novo vírus, tendo empreendido uma campanha de vacinação em massa que já imunizou 39% da sua população. Dados indicam uma queda brusca no número de infecções e mortes após o avanço da campanha de vacinação.
Ao longo do ano passado, a estratégia dos israelenses para controlar a disseminação da Covid-19 esteve baseada em regras de isolamento social, incluindo lockdowns quando houve avanço na contaminação, e no rastreamento de pessoas contaminadas.
O país tem cerca de 9 milhões de habitantes, tendo registrado 791 mil casos confirmados de Covid-19 e 5,8 mil mortes.
Na quarta-feira (3), o Brasil registrou 1.840 novas mortes em um único dia, o recorde até o momento. O total de óbitos desde o início da pandemia é de quase 260 mil.
Bolsonaro tem um histórico de declarações em que minimiza o vírus, critica medidas defendidas por especialistas, entre elas o isolamento social, e defende medicamentos que são ineficazes para o tratamento da doença.
Na noite de quarta, o presidente disse que, no que depender dele, “nunca teremos lockdown”.
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