Mudança na regra vai tirar R$ 94 do salário mínimo até 2030

IDIANA TOMAZELLI, ADRIANA FERNANDES E RENATO MACHADO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A mudança na regra do salário mínimo vai tirar R$ 94 do valor do piso salarial até 2030, segundo projeções do Ministério da Herdade.

 

Pela legislação atual, que prevê proveito real pelo incremento do PIB (Resultado Interno Bruto) de dois anos antes, o salário mínimo subiria a R$ 1.521 no ano que vem e alcançaria R$ 2.020 em 2030.

A proposta do governo, se aprovada, levará o piso a R$ 1.515 em 2025, uma diferença de R$ 6 -como mostrou a Folha de S.Paulo. Em 2030, o novo valor será de R$ 1.926, ou R$ 94 a menos do que sob a regra atual, segundo as estimativas do Executivo.

Uma vez que contraponto político, o governo também divulgou quanto ficaria o salário mínimo caso a atualização se desse unicamente pela inflação medida pelo INPC (Índice Vernáculo de Preços ao Consumidor). Essa foi a política que prevaleceu na gestão anterior, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Só com a reposição da inflação, o salário mínimo ficaria em R$ 1.478 no ano que vem e chegaria a R$ 1.719 em 2030.

ENTENDA A NOVA REGRA DO SALÁRIO MÍNIMO
A novidade regra do salário mínimo prevê que o proveito real do piso seguirá vinculado ao incremento do PIB de dois anos antes, mas vai oscilar entre 0,6% e 2,5% ao ano, conforme a expansão do limite do busto fiscal.
Caso a expansão do busto seja 2,5% supra da inflação, o piso poderá ter proveito real de até 2,5%. Se a correção do limite for de 2%, esse será o teto de incremento para o salário mínimo.

O percentual, porém, será um teto. Isso significa, na prática, que é verosímil ter um aumento menor no salário mínimo do que a ampliação do limite de despesas em determinado ano.

Em uma situação hipotética na qual o busto tenha subida real de 1,5%, mas o PIB de dois anos antes tenha desenvolvido menos, 1% por exemplo, o proveito real do salário mínimo será a variação do PIB (ou seja, 1%).

O secretário de Política Econômica do Ministério da Herdade, Guilherme Mello, ressaltou, porém, que essa situação não deve ocorrer nos próximos anos, pelas estimativas do governo.

O secretário-executivo da Herdade, Dario Durigan, ressaltou que a regra terá um componente anticíclico. “A gente não tem isso nas projeções, mas temos que considerar. Se eventualmente [o PIB] crescer menos de 0,6%, vai ter uma regra anticíclica para o salário mínimo, que vai crescer pelo menos 0,6%”, afirmou. O percentual de 0,6% é também a correção mínima do busto supra da inflação.

Segundo o secretário, a novidade regra valerá até 2030. Depois, uma lei complementar deverá dispor porquê será a política do salário mínimo.

A expectativa do governo é que o projeto seja sancionado até o término deste ano pelo Congresso Vernáculo, já que o novo valor do salário mínimo valerá a partir de 1º de janeiro de 2025. Caso haja detença, Durigan não descartou a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) editar uma MP (medida provisória), com vigência imediata, para mexer no piso.

O governo estima que a mudança proporcionará uma economia de R$ 2,2 bilhões em 2025 e R$ 9,7 bilhões em 2026. Com o tempo, os ganhos serão crescentes, chegando a R$ 35 bilhões em 2030.

Os técnicos do governo, porém, admitiram que o impacto pode terminar sendo menor nas contas do governo.

A equipe econômica calculou a economia de 2026 considerando que a expansão do busto (e consequentemente do salário mínimo) será de 2% supra da inflação no manobra.

No entanto, projeções do próprio governo incluídas no PLDO (projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2025 indicam uma subida real de 2,5% do busto em 2026, na esteira de um aumento real de 8,46% nas receitas que valem para o conta. Essas receitas, inclusive, ajudarão o governo a fechar o resultado dentro da meta fiscal.

Questionado sobre esse descompasso, Mello admitiu que o aumento real do salário mínimo pode terminar sendo maior em 2026 -consequentemente, a economia seria menor que a estimada.

Segundo o secretário, o conta da economia foi feito considerando uma arrecadação em risco com o progresso do PIB (diferentemente do cenário atual, em que as receitas exibem incremento mais intenso do que a atividade econômica).

“Obviamente que se a receita crescer muito mais, limite do busto sobe, mas aí o resultado também melhora”, disse Mello. “Isso [ganho real do salário mínimo] pode ser um pouco supra, mesmo”, acrescentou.

O subchefe de Estudo Governamental da Moradia Social, Bruno Moretti, também afirmou que as estimativas podem mudar. “As estimativas foram feitas com busto [crescendo] a 2% [em 2026]. Se o busto crescer mais, sem incerteza o impacto será menor”, afirmou.

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