BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta sexta-feira (7) que os ataques golpistas do 8 de janeiro foram uma “agressão inimaginável” às instituições, mas não pode ser classificado porquê uma tentativa de golpe de estado.
Em uma entrevista a uma rádio da Paraíba, onde o parlamentar cumpre agendas nesta sexta-feira, Motta foi questionado sobre o projeto de lei que dá anistia aos condenados pelos ataques golpistas e qual seria a sua opinião pessoal acerca do tema.
“O que aconteceu não pode ser recepcionado que aconteça novamente. Foi uma agressão às instituições, uma agressão inimaginável, ninguém imaginava que aquilo pudesse intercorrer”, disse o deputado.
“Agora querer manifestar que foi um golpe. Golpe tem que ter um líder, tem que ter pessoa estimulando, suporte de outras instituições interessadas, porquê as Forças Armadas, e não teve isso”, afirmou Motta.
“Ali foram vândalos, baderneiros que queriam, com a inconformidade com o resultado da eleição, provar sua revolta. Achando que aquilo poderia resolver talvez o não prosseguimento do procuração do presidente Lula. E o Brasil foi muito feliz na resposta, as instituições se posicionaram de maneira muito firme”, disse.
Segundo pesquisa do Datafolha feita em 2024, a invasão com depredação das sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023 foi um ato de vandalismo para a maioria dos brasileiros, 65%. Para 30%, os atos foram uma tentativa de golpe de Estado.
Para o relator do caso no Supremo, ministro Alexandre de Moraes, a natureza do que ocorreu no 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe, enquanto políticos da esfera bolsonarista buscam jogar a culpa nos manifestantes, qualificando-os de vândalos sujeitos a um enquadramento permitido exacerbado.
Na entrevista desta sexta, Motta afirmou que há “um perceptível desequilíbrio” nas penas dadas pelo Supremo Tribunal Federalista (STF) aos condenados pelos ataques golpistas, ainda que sem reportar o Supremo. Ele afirmou que é preciso punir pessoas que depredaram o patrimônio público, mas sem cometer exageros.
“Não pode penalizar uma senhora que passou ali na frente do palácio, não fez zero, não jogou uma pedra e receber 17 anos de pena para regime fechado. Há um perceptível desequilíbrio nisso. Nós temos que punir as pessoas que foram lá, quebraram, depredaram. Essas sim precisam ser punidas. Entendo que não dá para exagerar no sentido das penalidades com quem não cometeu atos de tanta sisudez”, disse.
Motta foi eleito presidente no último sábado (1º) com 444 votos e suporte de partidos que vão do PT de Lula ao PL de Jair Bolsonaro.
Na entrevista nesta sexta, o parlamentar disse que o tema da anistia dos 8 de janeiro gera tensionamento com o Judiciário e com o Executivo e por isso haverá “desvelo” por secção dele para tratar do projeto.
“Não posso manifestar que vou pautar semana que vem ou que não vou pautar de jeito nenhum. É um tema que estamos digerindo, conversando, porque o diálogo tem que ser regular. Todos que me apoiaram sabiam que eu tinha suporte dos dois [PL e PT]. Não se pode exigir que eu ‘desbalanceie’ a minha atuação, porque não posso ser incorreto com ninguém. Me cabe ser correto com todos e conduzir a Morada com isenção.”]
Hugo Motta também indicou que um caminho verosímil poderá ser o diálogo com o Judiciário para “encontrar uma saída” para o projeto de lei.