Mortes de adolescentes caem em fase crítica da terceira onda de covid

De acordo com o epidemiologista da Fiocruz Amazônia Jesem Orellana, houve alta de 74% na mortalidade por covid-19 nas crianças de 5 a 11 anos, se comparado o período mais crítico de 2022 com o pior de 2021, que foi na segunda onda, entre 14 de março e 3 de abril. Entre os adolescentes de 12 a 17 anos vacinados em 2021, houve queda significativa (40%) na mortalidade por covid-19 no período mais crítico da terceira onda em comparação com fase também crítica da segunda onda.

Conforme a pesquisa, os resultados se repetem em junho de 2022, na vigência da quarta onda de contágios, e o motivo identificado é a falta de acesso das crianças à vacinação. “O padrão de aumento da morte de crianças se repetiu e foi de 82% naquelas de 2 a 4 anos e de 54% nas crianças com até 1 ano. Portanto, nas crianças, as taxas de mortalidade foram iguais ou piores do que em fases anteriores da epidemia, contrapondo-se ao registro de queda consistente e forte dos adultos, reforçando não só a efetividade da vacina contra covid-19, mas também a importância do seu uso oportuno e massivo”, completou Orellana, um dos autores do estudo.

A amostra final avaliada somou 408.120 registros de mortalidade, com 0,34% (1.407 óbitos) em menores de 18 anos e 64,6% (263.771) em adultos com 60 anos e mais. “Observaram-se padrões opostos na mortalidade por covid-19 no Brasil, com crianças majoritariamente não vacinadas, ou insuficientemente protegidas pela vacinação em massa, de um lado, e apresentando taxas de mortalidade iguais ou maiores do que em fases anteriores da epidemia e, de outro, consistente e forte padrão de queda em indivíduos incluídos na campanha nacional de vacinação”, comentou.

Orellana alertou que continua aumentando no Brasil o impacto da mortalidade por covid-19 em crianças, principalmente nas que ainda não foram vacinadas. O levantamento destacou também a forte queda da mortalidade em adultos no país. Para Orellana, isso pode ser consequência do efeito protetor das vacinas, apesar do contexto de ampla circulação da variante Ômicron, muito mais contagiosa do que versões originais do novo coronavírus.

O estudo foi assinado também pelos professores Lihsieh Marrero, da Escola Superior de Ciências da Saúde, no Amazonas, e Bernardo Lessa Horta, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul (RS).

A Fiocruz informou que o artigo Mortalidade por Covid-19 no Brasil em Distintos Grupos Etários: Diferenciais entre Taxas Extremas de 2021 e 2022 foi aceito para publicação e em breve estará disponível na íntegra, na revista Cadernos de Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/ Fiocruz).

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