O Ministério da Saúde confirmou, nesta segunda-feira (9), que a morte de uma muchacho de 1 ano e 3 meses no Ceará foi provocada por uma ameba extremamente rara, a Naegleria fowleri. Leste é o segundo caso registrado no Brasil, sendo o primeiro ocorrido em 1975, em São Paulo. A infecção causou meningoencefalite, uma grave inflamação no cérebro.
A muchacho foi contaminada pela ameba através da chuva que utilizava em sua vivenda, proveniente de um represa. A chuva não passava por nenhum tratamento e era retirada diretamente da torneira para o banho, sendo frequentemente aquecida devido à subida temperatura. O Ministério da Saúde emitiu um alerta de evento vernáculo para orientar sobre possíveis emergências relacionadas a esse tipo de infecção.
Segundo o relatório ministerial, a vivenda da muchacho possuía uma cisterna para o armazenamento de chuva da chuva, que passava por tratamento com hipoclorito de sódio, sendo destinada ao consumo humano. A chuva utilizada para o preparo de mantimentos era fornecida por caminhão-pipa. A muchacho faleceu no dia 19 de setembro de 2024, oito dias em seguida o início dos sintomas, que incluíam febre, sonolência, irritabilidade e vômito.
Sobre a Naegleria fowleri
A Naegleria fowleri é uma ameba de vida livre que habita águas doces quentes, uma vez que lagoas, rios, açudes e fontes termais. A infecção ocorre principalmente através da inalação de chuva contaminada, ao submergir ou nadar em águas com a ameba, que entra pelo nariz. A ameba segue pelo nervura olfatório até o cérebro, causando inflamação e devastação do tecido cerebral, resultando na meningoencefalite amebiana primária (PAM).
Importante ressaltar que a infecção não é transmitida pela ingestão de chuva contaminada, nem é transmitida de pessoa para pessoa.
Investigação e laudos
O Ministério da Saúde informou que os laudos do Instituto Adolfo Lutz, tanto da chuva quanto do tecido cerebral da muchacho, confirmaram a presença da Naegleria fowleri. “A compatibilidade clínica, epidemiológica e laboratorial foi confirmada, pois o histórico e os exames histológicos, além da reação positiva de PCR no tecido cerebral, indicam a infecção pela ameba”, explicou Antonio Silva Lima Neto, secretário executivo de Vigilância em Saúde.
Lima Neto destacou também a relevância da autorização da família para a realização da necrópsia, que foi fundamental para a confirmação do diagnóstico. “Se a família não tivesse autorizado a necrópsia, esse caso poderia passar despercebido”, afirmou.
Casos raros no Brasil
No Brasil, o único caso registrado na literatura científica de meningoencefalite amebiana primária causada pela Naegleria fowleri ocorreu em 1975, no estado de São Paulo. Desde logo, não havia registros de infecções desse tipo até o caso atual no Ceará.
O Ministério da Saúde segue monitorando a situação e orientando as autoridades de saúde sobre medidas preventivas para evitar a propagação da ameba, principalmente em áreas com águas não tratadas.
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