Morre o jornalista Carlos Brickmann, o primeiro a cobrir a campanha Diretas Já, pela Folha

PATRÍCIA PASQUINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O jornalista Carlos Brickmann morreu neste sábado (17), aos 78 anos. Em outubro, ele foi internado no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, e não resistiu a um quadro infeccioso.

Natural de Franca (a 400 km de São Paulo), Brickmann era filho de médicos. Emprestou ao jornalismo 59 anos de sua história –muitos dedicados à Folha, onde iniciou a carreira, em 1963, aos 18 anos, no copidesque. Trabalhou na empresa durante três períodos ao longo de quase 30 anos.

Segundo reportagem da Folha, Brickmann entrou no jornal por acaso, desanimado por ter sido reprovado no científico, equivalente hoje ao ensino médio. Um tio viu um anúncio de vaga e sugeriu ao rapaz que tentasse, por saber que gostava muito de redação. Aprovado, foi trabalhar na chamada “edição caipira”, que ia para o interior do estado.
No jornal, passou por vários cargos: foi editor de Internacional –o mais jovem na época– e de Economia, além de repórter especial. Assinou reportagens nas edições especiais de primeiras páginas.

Em 1983, foi o primeiro repórter a cobrir a campanha das Diretas, pela Folha e como editor interino de Economia. Brickmann ampliou a seção de Mer­cado para duas páginas e lançou a coluna Dinheiro Vivo, de Luís Nassif.

Na Folha da Tarde, atuou como colunista, editor-chefe e editor responsável. Carlos Brickmann foi diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes, período em que conquistou os prêmios da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), em 1978 e 1979, pelo Jornal da Bandeirantes e o programa de entrevistas Encontro com a Imprensa.

No Jornal da Tarde, trabalhou como repórter, repórter especial e editor de Internacional e de Política Nacional. Lá também assinou reportagens de primeira página premiadas. Participou das reportagens que deram quatro Prêmios Esso ao veículo.

Como colunista, escreveu para Diário Popular –até 2001, foi o principal sobre política–, Diário do Grande ABC, Folha de Pernambuco, Correio Popular, O Dia, Gazeta de Ribeirão Preto e site Observatório da Imprensa.

Em 1992, começou a gerenciar a Brickmann & Associados Comunicação, em São Paulo. A empresa atua no ramo de consultoria, comunicação política, gerenciamento de crise, relações públicas e assessoria de imprensa.

A amiga há 45 anos e sócia, Marli Gonçalves, 64, trabalhava com ele desde 1993. Três anos depois, a convivência tornou-se diária. Além da Brickmann & Associados Comunicação, os dois gerenciavam juntos, desde 2015, o site Chumbo Gordo.

A amizade entre Brickmann e Marli começou em 1978, na revista Especial, uma publicação que durou cinco edições, mas que reuniu uma nata de jornalistas, colaboradores e fotógrafos.
“O Carlinhos havia sido convidado para escrever um artigo para a revista e ficamos amigos a partir daí”, conta.

Carlos Brickmann também passou pela sucursal de São Paulo do Jornal do Brasil; pela revista Visão, como editor e secretário de redação; e pela assessoria de Imprensa da campanha de Paulo Maluf à Presidência da República (1989).

Em 1991, foi diretor de comunicação da Vasp (Viação Aérea de São Paulo) –extinta em 2005. No ano seguinte, o jornalista atuou como coordenador da campanha de Carlos Eduardo Moreira Ferreira à pre­sidência da Fiesp/Ciesp. Ainda em 1992, coordenou parte de Imprensa da campanha de Paulo Maluf à Prefeitura de São Paulo.
No ano de 1996, fez a campanha de Nion Albernaz (1930-2017), do PSDB, à Prefeitura de Goiânia.

Em 2011, Brickmann foi membro do corpo de jurados do Prêmio Esso de Jornalismo. Ele era autor dos livros “A Vida é um Palanque -Se­gredos da Comunicação Polí­tica” (editora Globo) e “1º Guia Básico das Eleições/1998” (editora Voice) e coautor do livro “Como não ser enganado nas eleições” (editora Ática), coordenado por Gilberto Dimenstein (1956-2022).

Das marcas de Carlos Brickmann, Marli ressalta o bom humor e a “memória de elefante”, como denomina. “Ele era capaz de dar uma entrevista para você ao mesmo tempo em que escrevia uma coluna e tudo saía perfeito”, afirma.

Tinha duas paixões: o Corinthians e gatos. O (gato) Vampeta –o preferido– simbolizou o casamento das suas preferências até o ano passado, quando morreu.

Carlos Brickmann deixa a mulher, dois filhos, amigos e muitas histórias. Será velado neste domingo (18), às 11h30, no Cemitério Israelita do Butantã. O enterro será às 13h.

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