SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo de Minas Gerais anunciou nesta terça (16) a proibição de partidas de futebol de outros estados em seu território. A medida, que impede a realização de São Bento x Palmeiras, marcado para quarta (17), em Belo Horizonte, e outras duas partidas, faz parte da “onda roxa”, um pacote de medidas mais restritivas da quarentena para conter o avanço do coronavírus.
O confronto válido pelo Campeonato Paulista já havia saído de São Paulo em razão da suspensão das competições esportivas pela gestão João Doria (PSDB), após pressão do Ministério Público. O veto aos campeonatos vai de 15 a pelo menos 30 de março.
Em nota divulgada na tarde desta terça, a entidade responsável pelo futebol em SP anunciou a suspensão do duelo entre o time do interior e o da capital.
“Em razão das novas medidas de restrição anunciadas pelo Governo de Minas Gerais, a Federação Paulista de Futebol informa que está suspensa a partida entre São Bento e Palmeiras, que ocorreria na noite desta quarta-feira (17), no estádio Independência”, diz o comunicado.
O anúncio do governo mineiro foi um duro golpe nas pretensões da FPF de manter o Campeonato Paulista em andamento em outro estado durante a proibição das competições em São Paulo.
Ainda pela manhã, antes do adiamento do duelo, Almir Laurindo, presidente do São Bento, disse à reportagem ter sido orientado a manter a programação.
“A orientação é para mantermos a rotina de treinos, nos prepararmos para o jogo. Ontem [segunda] à noite, a Federação pediu a listagem da delegação [para comprar passagens] e ficou de confirmar os detalhes da viagem hoje [terça] cedo, mas agora estamos aguardando uma definição. Se for para jogar, precisamos ter uma confirmação até a tarde. Não tem como mudar mais, jogar por exemplo no Espírito Santo já ficou impossível”, afirmou o dirigente.
Segundo ele, horas depois, o próprio hotel ligou para cancelar as reservas da equipe antes mesmo de ser informado da suspensão do jogo pela federação.
Já o Palmeiras viajaria para Belo Horizonte nesta terça, às 16h. O clube foi procurado para comentar o adiamento da partida, mas não respondeu até a publicação deste texto, assim como a Federação Paulista.
O aumento das restrições em Minas Gerais afeta também a realização de Marília x Criciúma, que seria realizado nesta quarta, e Palmas x Avaí, marcado para quinta-feira (18), dois confrontos válidos pela Copa do Brasil.
Procurada, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) não havia se pronunciado a respeito até a publicação deste texto.
“Consideramos, como área técnica, incoerente a manutenção de qualquer tipo de jogo. Iremos discutir hoje [terça], durante o dia, com todas as federações e todos os envolvidos para achar uma conclusão sobre isso, […] temos que avaliar que o jogo não é apenas a estada do jogador dentro do campo, existe tudo o que se envolve e os riscos sanitários com isso”, afirmou Fábio Baccheretti, secretário de Saúde de Minas Gerais.
A decisão tomada pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), contraria o posicionamento do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que colocou a cidade à disposição da Federação Paulista de Futebol para realização do torneio. No entanto, Kalil diz que, como a administração do Independência é de responsabilidade do estado, não poderia garantir a realização do jogo desta quarta.
“Em Belo Horizonte não se proíbe o futebol porque recebi nota técnica de infectologistas, e não é porque gosto de futebol. Até acho que o futebol segura as pessoas em casa. O jogo em si não tem relação nenhuma com a pandemia, ainda mais os times de primeira categoria, que testam muito mais que as demais categorias da sociedade brasileira”, afirmou Kalil à reportagem.
Entre as medidas que fazem parte da fase que passa a valer em todo o estado de Minas a partir desta quarta está o toque de recolher, entre 20h e 5h; proibição de circulação de pessoas sem o uso de máscara em qualquer espaço público ou de uso coletivo; proibição de circulação de pessoas com sintomas de gripe, exceto para consultas médicas ou realização de exames; instalação de barreiras sanitárias de vigilância; proibição de eventos públicos ou privados e proibição de reuniões presenciais. Os hotéis mineiros também não podem receber hóspedes na “onda roxa”.
A Federação Paulista e os clubes de São Paulo brigam, desde a última semana, para reverter a suspensão do Campeonato Paulista.
Na segunda, a FPF teve reuniões com o governo de SP e com o Ministério Público, mas ouviu que a decisão está mantida e os jogos, proibidos. Na manhã desta terça, fez críticas à medida tomada pela gestão Doria, em nota.
“A FPF esclarece que, embora todas as medidas tenham sido bem recebidas pelo Governo de São Paulo e pelo Ministério Público, o pleito foi rejeitado sob argumentos que fogem de qualquer conceito médico e científico já visto mundialmente no combate à Covid-19”, diz a entidade em trecho do comunicado.
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