Militares confirmam naufrágio de submarino da Indonésia após descoberta de destroços

Autoridades da Indonésia confirmaram, neste sábado (24), que o submarino que desapareceu na costa de Bali com 53 pessoas a bordo na última quarta-feira (21) afundou, após a descoberta de destroços no mar.

“Com base nos elementos que encontramos e que vêm do KRI Nanggala, mudamos a situação do submarino de ‘desaparecido’ para ‘naufragado'”, disse Yudo Margono, comandante do Estado-Maior da Marinha da Indonésia, durante uma entrevista coletiva neste sábado.

O KRI Nanggala-402, construído na Alemanha e em operação desde 1981, perdeu contato com as autoridades após pedir permissão para mergulhar, às 3h de quarta no horário local (16h de terça em Brasília).
As buscas se concentraram na área de onde o último sinal foi enviado, e onde as equipes encontraram uma mancha de óleo, que pode sinalizar danos ao tanque do submarino, mas também pode ser uma forma de enviar uma mensagem de socorro.

Segundo estimativas das autoridades indonésias, as reservas de oxigênio da embarcação se esgotaram na tarde desta sexta-feira (23), o que, na prática, esgota as possibilidades de resgatar membros da tripulação com vida.

“Ainda estamos realizando a busca”, disse Margono. “A profundidade do mar na área que detectamos é de 850 metros, o que é muito complicado e apresenta muitas dificuldades.”

O KRI Nanggala-402 é capaz de descer abaixo de 250 metros, de modo que se as estimativas de que ele afundou em profundidades bem maiores que essa, a probabilidade de ter sofrido rachaduras ou de ter sido esmagado pela pressão da água é altíssima.

“Agora caberá aos investigadores estabelecer a cronologia dos eventos e determinar a causa. Ao mesmo tempo, planos teriam sido feitos para avaliar a viabilidade de recuperar o submarino em tal profundidade extrema”, disse Collin Koh, pesquisador do Instituto de Defesa e Estudos Estratégicos, à agência de notícias Reuters.

“É tecnicamente possível fazer isso, embora eu acredite que a Indonésia terá que envolver ajuda estrangeira nisso”, acrescentou. Vários países ofereceram ajuda para a Indonésia, incluindo Estados Unidos, Austrália, Índia, França e Alemanha. As vizinhas Malásia e Singapura enviaram navios de apoio.

Acidentes com submarinos, um dos mais complexos tipos de embarcação à disposição das Marinhas, não são raros. Em 2017, a Argentina perdeu o ARA San Juan, que afundou após uma explosão interna não explicada até hoje. Caso mais clássico ainda é o do Kursk, submarino nuclear russo que afundou depois de uma explosão no compartimento de torpedos em 2000, no alvorecer da era Vladimir Putin no poder.

O KRI Nanggala-402 foi construído na Alemanha em 1978, de acordo com um site do governo, e modificações posteriores foram feitas para modernizá-lo. É um submarino movido a diesel.
A embarcação pertence à classe Cakra, uma das inúmeras variantes da bem-sucedida linha de embarcações para exportação IKL-209. Há outro desses em operação na Marinha indonésia e mais dois de um modelo mais moderno feito sob licença na Coreia do Sul, a classe Jang Bogo –chamada de Nagapasa por Jacarta. Há mais três embarcações do tipo em construção.
O Brasil opera cinco embarcações da linha 209, quatro da classe Tupi e uma da Tikuna. Desde 2009, trocou de parceiro e está construindo quatro submarinos franceses Scorpène. Sua versão brasileira, maior e modificada, é a classe Riachuelo, e há dois deles no mar hoje –um em fase avançada de testes, outro recém-lançado.

O Nanggala havia sido modernizado na Coreia do Sul, parceira militar da Indonésia, em 2012. Mas sua provável perda é mais um sinal das dificuldades pelas quais passam as Forças Armadas do país.
Situada no centro das rotas marítimas contestadas por China e pelos EUA e seus aliados, a Indonésia é estrategicamente vital em qualquer configuração política no Indo-Pacífico.

Em 2019, o presidente Joko Widodo buscou avançar o programa de modernização bélica ao colocar um ex-rival, o general Prawobo Subianto, como ministro da Defesa. Na avaliação do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, entidade britânica que é referência na área, até aqui o esforço tem sido lento.

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