MONTEVIDÉU, URUGUAI (FOLHAPRESS) – Em sua estreia no púlpito do Mercosul, o prateado Javier Milei confrontou diretamente os pilares que regem o conjunto durante fala ao lado de seus pares nesta sexta-feira (6) em Montevidéu.

 

“O Mercosul, que nasceu com a teoria de aprofundar laços comerciais, tornou-se uma prisão que não permite a países membros aproveitar seus potenciais exportadores”, disse ao lado de seu ministro da Economia, pai do choque econômico na Argentina, Luis Caputo.

Milei falou contra o sistema de tarifa geral que rege o conjunto e, uma vez que era esperado, pediu maior preâmbulo. Ainda sem saber o gosto de sua contraparte, ele tem dito que quer um pacto de livre-comércio com os Estados Unidos, futuramente governados por Donald Trump.

“O Mercosul nasceu com a teoria de aprofundar laços comerciais em um mundo fragmentado, mas lamentavelmente propôs um sistema de tarifas comuns dizendo que beneficiaria a população. O caminho ao inferno está pavimentado de boas intenções”, seguiu.

O prateado levou à cúpula de Montevidéu sua agenda tida uma vez que anarcocapitalista: “Sempre que o Estado intervém, gera um resultado ruim.” Milei havia ignorado a última cúpula do Mercosul, esta realizada no Paraguai, e escolheu ir a um evento conservador em Santa Catarina.

“A tarifa externa geral tornou nossas indústrias mais caras, encareceu a vida de todos os nossos cidadãos e negou a eles a oportunidade de melhorar a qualidade de vida com competitividade”, seguiu. “Osco de nacionalismo, nos últimos 20 anos perdemos oportunidades. É o livre-comércio quem gera prosperidade.”

Milei será daqui para a frente o líder do Mercosul que defende preâmbulo do conjunto. Antes, contava também com o uruguaio Luis Lacalle Pou, da centro-direita, que, no entanto, sairá em breve da Presidência para ser substituído por Yamandú Orsi, da centro-esquerdista Frente Ampla.

Nesta sexta-feira (6), o Mercosul e a União Europeia (UE) anunciaram a desfecho das negociações e a consolidação do texto final do pacto de livre-comércio, gestado há mais de 25 anos entre os blocos.

Negociadores brasileiros indicam que os europeus vão adotar a estratégia de separar o teor mercantil do político no pacto, o que permite progredir mais rapidamente com a secção econômica, sem premência de confirmar em todos os parlamentos nacionais e regionais