DÉBORAH LIMA E VICTOR LACOMBE
CONFINS, MG, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os brasileiros deportados dos Estados Unidos que chegaram a Belo Horizonte neste sábado (25) relataram agressões, ameaças e tratamento degradante que sofreram por secção dos agentes de imigração americanos responsáveis pelo voo de volta ao Brasil.
Desembarcando na noite de sábado no aeroporto de Confins posteriormente serem soltos pela Polícia Federalista, vários dos migrantes disseram ter ficado 50 horas algemados, sem ar condicionado no voo e sujeitos a abusos dos americanos.
“Nem cachorro merecia ser tratado daquele jeito”, disse Jefferson Maia, que ficou dois meses recluso nos EUA posteriormente encruzar a fronteira com o México. “Passei quase 50 horas amarrado, sem consumir recta. Estou há cinco dias sem tomar banho.”
Segundo Jefferson, ele foi agredido pelos agentes de imigração já em Manaus, quando os americanos tentaram fazer o avião decolar mesmo apresentando nequice no motor. Nesse momento, os migrantes pediram para trespassar da avião. “O agente me enforcou, puxou a manante das algemas até que meu braço sangrasse”, conta. “Não volto [pros EUA] nunca mais.”
Vários dos deportados relatam que só conseguiram alertar as autoridades brasileiras depois de penetrar uma das portas de emergência do avião e gritar por socorro do superior da asa, ao que funcionários do aeroporto que trabalhavam na pista alertaram a Polícia Federalista. “A gente disse pra eles: nós não vamos mais viajar nesse avião, labareda a nossa polícia, tira a gente daqui”, afirma Denilson José de Oliveira, 26 anos. “Senti muito temor. Parecia que estavam tentando nos matar.”
Segundo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o governo Lula determinou a retirada das algemas dos brasileiros logo que foi informado da situação pela PF. O ministro falou em “flagrante desrespeito” dos direitos dos brasileiros. O Planalto também enviou um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para fazer o transporte dos migrantes até Belo Horizonte, sorte final do voo original.
Na noite deste sábado, o Itamaraty publicou em suas redes sociais a informação de que pedirá explicações ao governo Donald Trump sobre “o tratamento degradante dispensado aos passageiros no voo”.
Carlos Vinicius de Jesus, 29, disse que os agentes americanos agrediram e humilharam os migrantes. “Bateram em nós, falaram que iam derrubar o avião, que nosso governo não era de zero. A gente que se rebelou, iam nos matar. Eles falaram que se eles quisessem eles fechavam a porta da avião e matavam todos nós.”
Segundo Carlos, o avião, que partiu na sexta-feira (24) da cidade de Alexandria, na Viríginia, apresentou nequice técnica ainda em espaço distraído americano, fazendo uma paragem no estado da Louisiana, no sul do país. Depois, precisou pousar no Panamá e, por término, em Manaus.
O carioca Marcos Vinicius Santiago de Oliveira, 38, confirmou as agressões contra outros deportados e contou a reverência da pane que teria ocorrido no avião. “Quando parou no Panamá, o avião não queria funcionar. A gente ficou horas sem ar condicionado e algemado. Até para ir no banheiro, para tomar chuva, aquilo era difícil”, disse. De convenção com Jefferson Maia, os brasileiros foram forçados a ir ao banheiro de porta ensejo.
Aeliton Cândido, 33, de Divinópolis (MG), relatou que estava há dois anos impedido nos EUA e reiterou que houve agressões e problemas na avião durante o retorno para Brasil. “Agora é vida novidade, respirar e restaurar a minha distinção. Foi a pior coisa que já passei na minha vida. Pânico de morrer.”
“Eu não fui agredido, mas os meninos foram. Eles estavam algemados, meteram o porrete neles sem dó. Desumano. Chutes, jogando os moleques no solo. Em um deles, um rosto deu um mata-leão”, disse Luiz Fernando Caetano Costa, um dos migrantes retornados, que estava havia um ano e meio nos EUA.
“Alguns rapazes mais novos começaram a ver as crianças passando mal, eles estavam falando para tirar as crianças”, afirmou Mario Henrique Andrade Mateus, 41, que diz ter ficado três meses impedido na imigração americana. “Os agentes dos Estados Unidos não queriam deixar a gente trespassar. Agrediram um dos meninos, derrubaram ele no solo e deram um chuto nele.” Outros brasileiros relataram que os agentes separaram famílias dentro do avião.
“Depois a chegada da Polícia Federalista, depois de muita discussão, muita recontro, eles não queriam deixar a gente descer. E quando aceitaram, eles queriam tirar as algemas para que a PF não visse que nós estávamos algemados em território brasiliano”, acrescentou Mario Henrique.
Os brasileiros também relataram as condições degradantes durante a detenção nos EUA, aguardando deportação. “Até cachorro cá no Brasil come melhor do que a gente comeu lá”, disse Lucas Gabriel Maia. “Era pão, chuva e cereal.” Outros migrantes também relataram que a dieta consistia de hambúrguer no almoço e na janta, e que muitos detidos passaram rafa e indiferente. “Ninguém merece ser tratado assim”, diz Lucas.
Procurada pela Folha para comentar as acusações, a Embaixada dos EUA em Brasília não se manifestou formalmente até a publicação deste texto. No sábado, havia dito unicamente que “os cidadãos brasileiros do voo de repatriação estão sob custódia das autoridades brasileiras” e que a representação diplomática estava em contato com as autoridades.
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