Mais de dois terços da comunidade escolar de SP temem violência média a alta

 (FOLHAPRESS) – O medo da violência é uma realidade para a maioria da comunidade escolar da rede estadual de São Paulo, aponta uma pesquisa com estudantes, familiares e professores divulgada nesta quarta (28).

Para mais de dois terços dos entrevistados, existe um nível de médio a alto de violência nos colégios -índice que é maior entre as famílias (75%). A insegurança no entorno das unidades é problema para 24% dos professores e 41% dos estudantes, e cresce nas periferias -31% e 54%, respectivamente.

O levantamento foi feito pelo Instituto Locomotiva e o Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo). Foram ouvidos 1.100 professores, 1.250 familiares de estudantes e 1.250 alunos com pelo menos 14 anos de São Paulo entre 30 de janeiro e 21 de fevereiro deste ano.

Os dados refletem uma preocupação com episódios como o ataque da última segunda (27), na escola escola estadual Thomazia Montoro, na zona oeste paulistana. Um aluno de 13 anos matou a professora Elisabeth Tenreiro e feriu outros três docentes e dois estudantes.

A percepção de violência também tem diferenças significativas entre as áreas onde estão localizadas as escolas. Os estudantes que veem a violência de média a alta no centro são 42% e, nas periferias, 68%. Entre os professores, essa diferença é mais pronunciada, com 26% e 86%, respectivamente. Em relação às famílias, 61% têm essa percepção de violência no centro. Nas periferias, esse grupo cresce para 76%.

O sindicato dos docentes que falta uma política ampla de prevenção à violência nas escolas. “As consequências se fazem sentir no crescimento do número de casos”, diz a deputada estadual Maria Izabel Noronha, a Professora Bebel (PT), presidente da associação.

Enquanto 73% dos familiares e 71% dos estudantes dizem saber de algum caso de violência ocorrido no último ano, apenas 41% dos professores fizeram relatos à pesquisa. Segundo o Instituto Locomotiva, uma hipótese é o constrangimento dos profissionais de apontar problemas no local de trabalho.

“É necessário um movimento amplo de toda a sociedade para construir uma cultura de paz. Precisamos de investimento humano e tecnológico para prevenção e enfrentamento da violência, começando pelos colégios de periferia”, diz Renato Meirelles, presidente do instituto.

A prioridade para a periferia pode ser explicada pelo número maior de relatos de violência sofridos por estudantes dessas regiões. No centro das cidades, 26% relataram bullying, contra 39% na periferia.

Já a agressão verbal foi relatada por 20% dos estudantes do centro, e por 28% fora dele. A discriminação e a agressão física dobram, de 9% para 18% e de 8% para 16%, respectivamente. A violência sexual vai de 5% no centro a 9% em regiões periféricas.

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