Pelo menos 315 pessoas morreram em Moçambique durante manifestações pós-eleitorais, com mais de 90% das vítimas atingidas por balas reais, incluindo muro de 20 crianças. Ou por outra, 730 pessoas ficaram feridas por tiros, segundo um relatório divulgado pela plataforma eleitoral Decide.

 

De convénio com o relatório da ONG Decide, que monitorou as eleições gerais realizadas em 9 de outubro com o base de 400 observadores, os números correspondem ao período de 21 de outubro a 16 de janeiro. As manifestações foram convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconheceu os resultados oficiais que declararam Daniel Chapo, bem pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder), porquê vencedor. Chapo tomou posse em 15 de janeiro porquê o quinto presidente do país.

As mortes ocorreram em várias regiões do país, com destaque para Maputo, no sul (111 vítimas), e Nampula, no setentrião (81 vítimas). Algumas pessoas foram baleadas dentro de suas casas, conforme aponta o relatório. Entre as vítimas fatais, 6% eram menores de idade, 3,1% mulheres e 4,7% integrantes das Forças de Resguardo e Segurança.

O relatório também destaca 4.236 detenções ilegais durante o período, das quais 96% das pessoas já foram liberadas, em grande secção graças à atuação da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) e do Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica (IPAJ). Ou por outra, foram registradas 2.447 denúncias de abusos e violações de direitos humanos em linhas diretas e redes sociais.

Mais de 3.000 pessoas ficaram feridas durante os protestos, incluindo 730 baleadas. Entre os feridos por tiros, 336 ocorreram em Maputo e 142 em Nampula. De convénio com o relatório, a Ordem dos Enfermeiros de Moçambique tem oferecido assistência domiciliar às vítimas, muitas das quais enfrentam dificuldades financeiras para acessar unidades hospitalares.

O relatório também aponta um aumento nas intimidações e ameaças contra membros de partidos da oposição, principalmente do partido Podemos, que apoiou Venâncio Mondlane. Desde novembro, a plataforma Decide recebeu mais de 20 denúncias de desaparecimentos, principalmente nas regiões núcleo e setentrião, incluindo Arlindo Chissale, sumido há mais de duas semanas em Cabo Ténue.

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