"Lutei para respirar. Até me davam medicamentos para ficar quieto"

Fabio Jakobsen é um dos nomes que mais se ouviu falar no mundo do ciclismo este ano, ainda mais no mês de agosto.

No dia 5 de agosto, o ciclista holandês esteve envolvido num terrível acidente no final da primeira etapa da Volta à Polónia.

Um dia que foi agora recordado pelo atleta em entrevista ao meio de comunicação holandês AD.

“Tudo o que vi foi sangue. Parecia que tinha sido atropelado. Eu pensei: ‘Hein? Mas não é assim que me vejo agora'”, começou dizendo. Neste artigo também é possível ler o testemunho da namorada de 22 anos que assistia à corrida a milhares de quilômetros, ao lado dos pais, através da televisão.

“Os últimos dez quilômetros sempre me deixam nervosa, quando começam os empurrões. Prefiro até fazer outras coisas. Continuo a ouvir a corrida, mas preciso de algum tipo de distração. Naquele dia foi o mesmo. Eu estava fazendo outra coisa quando o meu pai gritou da cozinha que o Fábio estava na frente. Então corri para olhar novamente. Eu o vi, desviei o olhar e antes que eu percebesse ele já estava indo contra as placas de publicidade. Tudo aconteceu tão rápido. Na repetição eu o vi colidindo contra um homem na linha de chegada. Eu sabia que algo de muito ruim tinha acontecido. Liguei para o médico da equipe, Yvan Vanmol, mas ele não conseguiu me dizer nada, à exceção de que Fabio estava inconsciente, relatou Delore que reconhece que o seu “rosto estava deformado. Só o reconhecia pelos cílios e pelas sobrancelhas”.

A publicação holandesa termina ainda com novas declarações de Jakobsen recordando o seu dia-a-dia na Unidade de Cuidados Intensivos: “Eu estava com dificuldades para respirar, tinha medo de sufocar com a cânula, uma espécie de tubo na minha garganta, mas também tinha os pulmões num péssimo estado. Eles deram-me todo o tipos de drogas que me deixavam com sono. Os meus pés ficaram dormentes, depois a minha pélvis, depois as minhas mãos e ombros e, por fim, adormeci. Cada vez que pensava só dizia para mim: ‘É agora, vou morrer’. Eu não estava, mas sentia que estava. Isso aconteceu cinquenta, talvez cem vezes. Era um medo real de morrer. Isso me fez entrar em pânico, lutar para sobreviver, lutar para respirar. Isso só piorou as coisas. Eles me deram mais remédios para me manter quieto, o que me fez adormecer com ainda mais frequência. Foram os dias mais longos da minha vida. Eu nunca tinha sofrido assim antes. Prefiro correr três Grandes Voltas seguidas do que passar mais um dia na UCI“.

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